Cidade do Vaticano, 30 nov (RV) - O bispo de Roma está a serviço da unidade
dos cristãos, na verdade e na caridade: é o que escreve Bento XVI numa mensagem ao
patriarca ecumênico Bartolomeu I, por ocasião da festa de Santo André – padroeiro
da Igreja de Constantinopla – hoje celebrado. Uma delegação vaticana conduzida pelo
presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Cardeal
Walter Kasper, encontra-se em Constantinopla participando das festividades.
A
memória dos mártires, como Santo André Apóstolo, impele todos os cristãos a "testemunhar
o seu amor diante do mundo" – escreve o pontífice. Testemunho de unidade ainda mais
urgente hoje num momento no qual o Cristianismo se depara com "desafios complexos
e crescentes".
Na mensagem ao patriarca ecumênico Bartolomeu I, o Santo Padre
ressalta que as Igrejas de Roma e de Constantinopla "se comprometeram sinceramente
nos últimos dez anos" a atuar para fazer avançar "o restabelecimento da plena comunhão".
O
papa detém-se em seguida sobre o papel do Bispo de Roma na Comunhão da Igreja no primeiro
milênio, tema da plenária da Comissão internacional conjunta para o diálogo teológico,
realizado em outubro passado em Chipre.
O pontífice escreve ainda que a Igreja
Católica considera o ministério petrino "como um dom do Senhor à sua Igreja". "Este
ministério – afirma Bento XVI – não deve ser interpretado na perspectiva do poder,
mas dentro de uma eclesiologia de comunhão, como um serviço à unidade na verdade e
na caridade".
Citando Santo Inácio de Antioquia, o papa reitera que o bispo
da Igreja de Roma preside na caridade. Em seguida, reitera o que afirmara João Paulo
II na "Ut unum sint", depois retomado em sua visita ao patriarcado de Constantinopla
em 2006; isto é, buscar juntos, inspirados pelo modelo do primeiro milênio, as formas
nas quais o ministério do Bispo de Roma possa desempenhar um serviço de amor reconhecido
por cada um e por todos.
Embora "não tenhamos ainda alcançado o nosso objetivo"
– afirma o papa na mensagem – "foram dados muitos passos que nos permitem aprofundar
os laços entre nós".
Cresce a nossa amizade, o "mútuo respeito e a vontade
de encontrar-nos uns aos outros e de reconhecer-nos como irmãos em Cristo", observa
Bento XVI, afirmando que tais avanços não devem ser dificultados por aqueles "que
permanecem ligados à recordação de diferenças históricas, que impedem a sua abertura
ao Espírito Santo que conduz a Igreja" e é capaz de "transformar todas as fraquezas
humanas em oportunidades para o bem".
No momento em que se caminha rumo à plena
comunhão – exorta o pontífice – "devemos oferecer desde já um testemunho comum trabalhando
juntos a serviço da humanidade, especialmente na defesa da dignidade da pessoa humana,
na afirmação dos valores éticos fundamentais, na promoção da justiça e da paz e respondendo
aos sofrimentos que continuam afligindo o nosso mundo, particularmente a fome, a pobreza,
o analfabetismo e a desigual distribuição dos recursos".
Ao mesmo tempo – lê-se
na mensagem – as nossas Igrejas podem trabalhar juntas evidenciando a responsabilidade
da humanidade pela salvaguarda da Criação.
Por fim, o papa manifesta apreço
pelas muitas iniciativas tomadas pelo patriarca nesse sentido, e recorda, em particular,
o recente Simpósio de Religião, Ciência e Ambiente, dedicado ao rio Mississippi. (RL)