Cidade do Vaticano, 28 nov (RV) - O presidente do Pontifício Conselho para
o Diálogo Inter-religioso, Cardeal Jean-Louis Tauran, está realizando uma viagem importante
à Indonésia, tendo sido convidado pelos bispos indonésios. A visita se estenderá até
2 de dezembro próximo e foi organizada em estreita colaboração com a nunciatura apostólica.
A programação prevê 13 encontros religiosos e acadêmicos com as diversas instâncias
muçulmanas do país além de momentos de reunião com a comunidade católica em Jacarta,
Denpasar (Bali), Makassar (Sulawesi-Celebes), Jojacarta (Java). Estão previstos também
colóquios com as autoridades indonésias: o presidente da República, o ministro das
Relações Exteriores e o ministro para os Assuntos Religiosos. Na Indonésia, recordamos,
vivem 22% dos muçulmanos do mundo. Entrevistamos o Cardeal Tauran em Jacarta:
R.
– A minha visita se iniciou com uma visita à catedral católica. Este foi um gesto
simbólico, uma vez que a poucos metros – basta atravessar a rua – está a mesquita,
lugar de culto e centro cultural e social. Já este fato requer uma forma de coabitação
harmoniosa entre as duas religiões. Visitei 3 instituições que desejam favorecer a
paz social, a harmonia cultural e religiosa, além de uma vida cultural impregnada
de pluralismo. Durante os colóquios emergiram 3 convicções: sobretudo, os meus interlocutores
concordam em sustentar que o diálogo é necessário, que deve continuar e se aprofundar;
em segundo lugar – e esta foi para mim uma novidade – percebi em meus interlocutores
o desejo de associar a este diálogo inter-religioso na Indonésia também representantes
de um islã mais fundamentalista. Em terceiro lugar, todos os meus interlocutores se
pronunciaram contra um Estado islâmico, aspirando a continuação de um Estado indonésio
fundado sobre os princípios da Panchasila, sobre cinco princípios que pertencem à
corrente cultural que aqui representa um pouco a filosofia da vida política e social
(compaixão, honestidade, pureza, sinceridade, temperança). Assim, foi certamente uma
jornada positiva, que nos consentiu partilhar convicções comuns. Poderia dizer que
a Indonésia é um bom exemplo deste diálogo inter-religioso; obviamente, não escondemos
as dificuldades existentes, que deverão ser superadas através do diálogo, sobretudo
no que diz respeito à possibilidade de construir novas igrejas e de ter uma informação
mais objetiva sobre as religiões, nas escolas. (RD).