Dublin, 27 nov (RV) - O Ministério da Justiça da Irlanda publicou ontem o relatório
sobre os abusos contra menores cometidos na arquidiocese de Dublin, entre 1975 e 2004.
Em coletiva de imprensa realizada após a publicação, na noite de ontem, o
arcebispo da capital irlandesa, Dom Diarmuid Martin, declarou: "Nenhuma palavra de
perdão jamais será suficiente; como arcebispo de Dublin, ofereço a cada vítima de
abuso as minhas desculpas, a minha dor e a minha vergonha por aquilo que aconteceu".
"É
difícil encontrar palavras para descrever como me sinto hoje" – acrescentou o arcebispo,
que a seguir agradeceu à juíza Yvonne Murphy e à sua equipe "pelo trabalho diligente
e profissional conduzido para realizar este relatório".
O documento descreve
detalhadamente alguns dos mais terríveis abusos cometidos durante décadas na arquidiocese.
À pergunta sobre como é possível que os bispos e outros responsáveis pela Igreja tenham
demorado tanto tempo para tomar alguma atitude, Dom Martim assim responde à Rádio
Vaticano:
Dom Martin:- "Certamente é um pergunta que você faz a si
mesmo; é muito difícil colocar-se no lugar de outra pessoa, e uma das coisas mais
tristes é que os pais e as vítimas que denunciaram não tinham qualquer dúvida a respeito
da gravidade dos fatos. E a maior parte deles se apresentou principalmente para dizer:
'Não queremos que isso aconteça com outra pessoa'. E por um motivo ou por outro, os
líderes da Igreja pareciam que não tivessem a mesma percepção de quanto tudo aquilo
fosse desastroso para as crianças!"
P. Como essa história prejudicou a imagem
da Igreja em Dublin? Dom Martin:- "Houve realmente uma crise de confiança
por parte de muitos pais. Não se pode pensar que a confiança possa ser reconstruída
de um dia para outro: é preciso justamente reconstruí-la, demonstrar que atitudes
foram tomadas, expressar não somente desapontamento e desculpas, mas também, em muitos
casos, vergonha por aquilo que aconteceu. Pelo que sei, os pais pretendem que as severas
medidas de tutela sejam aplicadas, e sem qualquer exceção!" (BF)