CPT DENUNCIA AUMENTO DA VIOLÊNCIA NO CAMPO EM 2009
Brasília, 25 nov (RV) - A Comissão Pastoral da Terra (CPT) apresentou na segunda-feira
os dados parciais de conflitos e de violência no campo relativos ao período de janeiro
a novembro deste ano. Os dados mostram que os conflitos persistem, bem como a violência,
que, com oscilações nos números, cresce na vida do povo do campo.
Os totais
do período, para o Brasil, apresentam uma diminuição nos números de conflitos, 942
em 2008, 731 em 2009. Já o número de ocupações se manteve praticamente estável, 232
em 2008, 231 em 2009; o de acampamentos apresentou redução, de 37 para 32. Houve um
declínio no número de expulsões, de 1.612 para 1.321, mas, em contrapartida, a ação
do estado aumentou em 16,6% o número de despejos: 9.226 em 2009, 7.913 em 2008. Este
número é maior que o total de despejos de todo o ano de 2008, 9.077.
Os dados
divulgados indicam um aumento da violência: em 2008, a cada 47 conflitos houve um
assassinato, já, em 2009, ocorreu um assassinato a cada 36,5 conflitos. As tentativas
de assassinato passaram de 36 em 2008, para 52 em 2009. O número de ameaçados de morte
teve um leve recuo, de 64 para 62, e o de presos, um pequeno aumento, de 154 para
156. Já o que mais se destaca é em relação ao número de torturas que disparou de 3
em 2008, para 20 em 2009, enquanto o de pessoas agredidas recuou de 675 para 241.
O trabalho escravo também apresentou números menores, tanto de ocorrências
- 222 em 2008, 179 em 2009 - quanto de trabalhadores em situação de escravidão – 5.911
em 2008, 5.027 em 2009 - e de libertados, 4.259 em 2008 e 3.335 em 2009. Mas é de
se ressaltar que ele está presente em 18 estados da federação, em todos os das regiões
Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Em 2009, o número de menores em situações de trabalho
escravo cresceu de 83 para 106.
O que mais chama a atenção nos dados é que
a região Sudeste foi a que apresentou crescimento em praticamente todos os números,
tanto de violência, quanto de conflitos, e o maior número de pessoas libertadas do
trabalho escravo, 36,2% do total.
Nesta região, ao lado do desenvolvimento
industrial e tecnológico, continuam a concentração de terras, muitas delas griladas
- pelo menos 325.000 hectares no Pontal do Paranapanema e milhares de hectares na
região de Iaras, onde ocorreu o conflito com a Cutrale – e situações colonialistas
de relações de trabalho, camufladas e disfarçadas pelo domínio do mercado. (BF)