2009-11-21 12:32:15

PAPA AOS ARTISTAS: SEJAM ANUNCIADORES E TESTEMUNHAS DE ESPERANÇA PARA A HUMANIDADE


Cidade do Vaticano, 21 nov (RV) - Na manhã deste sábado, Bento XVI abriu as portas da Capela Sistina a mais de 250 artistas de todo o mundo, entre pintores, escultores, arquitetos, atores, diretores, músicos e escritores. O Brasil foi representado pelo pianista Álvaro Siviero.

O encontro se deu por ocasião dos dez anos da carta aos artistas de João Paulo II e dos 45 anos do histórico encontro de Paulo VI com o mundo da arte.

No início do seu discurso, Bento XVI afirmou que, em continuidade com os predecessores, deseja expressar e renovar a amizade da Igreja com o mundo da arte – uma amizade consolidada no tempo: "Esta amizade deve ser continuamente promovida e alimentada, para que seja autêntica e fecunda, adequada aos tempos e que tenha presente as situações e as mudanças sociais e culturais. (...) A todos os artistas, o meu convite à amizade, ao diálogo e à colaboração".

"Nós necessitados dos artistas": citando Paulo VI, o papa recordou que o mesmo encontro, 45 anos atrás, também se realizou na Capela Sistina, "santuário de fé e de criatividade humana", "tesouro singular de memórias". E lembrou que sua eleição à Cátedra de Pedro se realizou ali, momento que viveu com "trepidação e absoluta confiança no Senhor".

Falando das obras-primas que adornam a Capela, Bento XVI falou do Juízo Universal, de Michelângelo, que recorda que, de um lado, "a história da humanidade é movimento de ascensão e, de outro, coloca diante dos nossos olhos o perigo da queda definitiva do homem. O afresco, portanto, lança um forte grito profético contra o mal, contra qualquer forma de injustiça; mas, ao mesmo tempo, nos convida a percorrer com alegria, coragem e esperança o itinerário da vida.

O momento atual, analisou o papa, é marcado infelizmente por fenômenos sociais e econômicos negativos, mas também por um enfraquecimento da esperança, por uma certa desconfiança nas relações humanas, por isso crescem sinais de resignação, de agressividade e de desespero.

Somente a beleza pode oferecer novamente entusiasmo e confiança – afirmou Bento XVI. A experiência do belo autêntico não é efêmero nem superficial, não distancia da realidade, mas, pelo contrário, leva a um confronto cerrado com a vivência cotidiana. Platão já dizia que uma função da beleza é "sacudir" o homem, fazê-lo sair de si mesmo. "A arte é feita para turbar, enquanto a ciência conforta" – falava Georges Braque.

Todavia, acrescentou o pontífice, a beleza hoje é passada como ilusória, superficial, que aprisiona o homem em si mesmo e o torna ainda mais escravo, sem esperança e alegria. Mas a beleza é o contrário de tudo isso, ela pode se tornar um caminho rumo ao Transcendente, pode assumir um valor religioso e transformar-se em um percurso de profunda reflexão interior e de espiritualidade. Prova disso são as inúmeras obras de arte, que comprovam a afinidade e a sintonia entre percurso de fé e itinerário artístico.

"O caminho da beleza nos conduz, portanto, a colher o Tudo no fragmento, o Infinito no finito, Deus na história da humanidade."

Bento XVI então dirigiu um apelo aos artistas: "Vocês são guardiães da beleza; graças ao seu talento, vocês têm a possibilidade de falar ao coração da humanidade, de tocar a sensibilidade individual e coletiva, de suscitar sonhos e esperanças, de ampliar os horizontes do conhecimento e do empenho humano. Sejam, por meio da arte, anunciadores e testemunhas de esperança para a humanidade".

O pontífice pediu aos artistas que não tenham medo de se confrontarem com a fonte primeira e última da beleza, de dialogarem com a Igreja: "A fé não infere em nada em seu gênio, em sua arte; pelo contrário, os exalta e os nutre".

Como fez Paulo VI, Bento XVI se despediu dos artistas com um "até logo". (BF)







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