Nova York, 20 nov (RV) - A América Latina encerrará o ano de 2009 com 9 milhões
de pessoas a mais em situação de pobreza devido à crise financeira mundial que atinge
a região.
Esse valor representa um incremento de 1,1% do total de latino-americanos
que, em 2008, já se encontravam nessa condição socioeconômica. A previsão está no
estudo divulgado ontem pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal),
órgão das Nações Unidas.
O estudo ‘Panorama social de América Latina 2009’
aponta também que o número de indigentes poderá aumentar em 0,8%, se comparado ao
ano passado. Os indigentes são aqueles que vivem abaixo da linha da pobreza.
Com
estas projeções para 2009, o o primeiro Objetivo de Desenvolvimento do Milênio, a
erradicação da pobreza extrema e da fome até 2015, não será cumprido.
Entre
2002 e 2008 foi verificada uma significativa redução da desigualdade na distribuição
do rendimento na região. Neste período, sete dos 18 países analisados apresentaram
redução da desigualdade, enquanto apenas três indicaram aumento.
Para conter
o aumento da pobreza e tentar manter o bom ritmo de crescimento, o estudo da Cepal
recomenda uma reforma nos sistemas de proteção social e a adoção de medidas que combinem
o urgente com uma visão estratégica de longo prazo.
Para a secretária-executiva
da Cepal, Alicia Bárcena, a América Latina e o Caribe precisam desenvolver com urgência
um novo sistema de proteção social. Ela sugere a criação de um plano a longo-prazo,
que beneficie o capital humano e as famílias mais vulneráveis.
O secretário-adjunto
da Cepal, Antônio Prado, explicou à Rádio ONU, de Santiago do Chile, que o Brasil
está numa situação melhor do que o México, por exemplo.
“A crise afeta
a América Latina de forma diferente. Tem um efeito muito mais forte em países como
o México, em países da América Central. E tem efeitos menores em países como o Brasil,
como o Chile, como o Peru, que vem apresentando uma capacidade de recuperação e de
superação. Lamentavelmente, o aumento de pobres na América Latina é uma interrupção
de um processo que vinha ocorrendo há mais de seis anos; há seis anos que os indicadores
de pobreza na América Latina estavam em queda”.
O secretário-adjunto da Cepal,
Antônio Prado, lembra que a diminuição do turismo na América Latina e no Caribe e
o envio menor de remessas dos imigrantes dessa região também contribuíram para o aumento
da pobreza. (CM)