Roma, 20 nov (RV) - Preservar a memória é uma das formas de construir a história.
É pela disputa dessa memória, dessa história, que nos últimos anos se comemora no
dia 20 de novembro, o "Dia Nacional da Consciência Negra". Nessa data, em 1695, foi
assassinado Zumbi, um dos últimos líderes do Quilombo dos Palmares, que se transformou
em um grande ícone da resistência negra ao escravismo e da luta pela liberdade. Para
historiadores, a escolha do 20 de novembro foi muito mais do que uma simples oposição
ao 13 de maio: "os movimentos sociais escolheram essa data para mostrar o quanto o
país está marcado por diferenças e discriminações raciais. Foi também uma luta pela
visibilidade do problema. Isso não é pouca coisa, pois o tema do racismo sempre foi
negado, dentro e fora do Brasil. Como se não existisse". Anos atrás, o poeta gaúcho
Oliveira Silveira sugeriu ao seu grupo que o 20 de novembro fosse comemorado como
o "Dia Nacional da Consciência Negra", pois era mais significativo para a comunidade
negra brasileira do que o 13 de maio. "Treze de maio traição, liberdade sem asas e
fome sem pão", assim definia Silveira o "Dia da Abolição da Escravatura" em um de
seus poemas.
Em 1971 o 20 de novembro foi celebrado pela primeira vez. A idéia
se espalhou por outros movimentos sociais de luta contra a discriminação racial e,
no final dos anos 1970, já aparecia como proposta nacional do Movimento Negro Unificado.
A diversidade de formas de celebração do 20 de novembro permite ter uma dimensão
de como essa data tem propiciado congregar os mais diferentes grupos sociais. "Os
adeptos das diferentes religiões manifestam-se segundo a leitura de sua cultura, para
dali tirar elementos de rejeição à situação em que se encontra grande parte da população
afro-descendente.
Os acadêmicos e os militantes celebram através dos instrumentos
clássicos de divulgação de idéias: simpósios, palestras, congressos e encontros; ou
ainda a partir de feiras de artesanatos, livros, ou outras modalidades de expressão
cultural. Grande parte da população envolvida celebra com samba e churrasco", conta
o historiador Andrelino Campos, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. O
20 de novembro trata da data do assassinato de Zumbi o mais importante líder dos quilombos
de Palmares, que representou a maior e mais importante comunidade de escravos fugidos
nas Américas, com uma população estimada de mais 30 mil. (SP)