2009-11-17 12:52:33

CÚPULA FAO: ONGs CATÓLICAS DECEPCIONADAS


Cidade do Vaticano, 17 nov (RV) - Redes católicas de desenvolvimento que integram a aliança de agências humanitárias, CIDSE, e a Caritas Internacional, escreveram ontem uma carta manifestando o seu desapontamento em relação à Cúpula da FAO sobre segurança alimentar. “Embora constate que o número de famintos no mundo continue a crescer, a Cúpula fracassou ao não produzir uma agenda concreta para combater este aumento” – afirmam, recordando que a Declaração de intentos do encontro foi publicada já no primeiro dia.

“Realizar a Cúpula Mundial sobre Segurança Alimentar agora foi extremamente importante para atrair a atenção política e pública para a questão da fome no mundo. Mas o resultado da Declaração não traz nada de concreto e muitas das suas afirmações são imprecisas e abertas a interpretações” – disse Alicia Kolmans, membro da agência alemã Misereor.

“A Declaração reafirma a necessidade de investir na agricultura de pequena escala, mas não constam propostas sobre como fazê-lo, e nenhum dos líderes se comprometeu em mobilizar fundos nos próximos cinco anos” – declara Bob van Dillen, da Cordaid, membro holandês das redes Caritas e CIDSE.

Michael O Brien 'de Trocaire, membro irlandês das redes CIDSE e Caritas, observa que “há um claro consenso entre todos os interessados sobre o fato que a agenda de liberalização promovida nas últimas décadas pelo Banco Mundial e por outros atores fracassou categoricamente, e que existe a necessidade real de fortalecer a participação dos agricultores na formulação e implementação das políticas concordadas”.

Para Ambroise Mazal, da CCFD, representação francesa na rede, “se a comunidade internacional é séria a respeito do investimento na agricultura de pequena escala nos países em desenvolvimento, deve se comprometer em trabalhar com agências e atores que tenham história e capacidade para trabalhar com os pequenos agricultores”.

Também Alberta Guerra, da organização italiana FOCSIV, mostrou-se desiludida: “Os governos reconheceram no ano passado a necessidade de melhorar a governança global de alimentos, e o primeiro passo importante foi feito com o acordo sobre a reforma da Comissão sobre Segurança Alimentar, há algumas semanas. Todos os interessados devem investir juntos nesta Comissão e assegurar mudanças políticas reais e o respeito dessas políticas”.

Por outro lado, CIDSE e Caritas apreciaram o discurso do papa na Cúpula. Em seu pronunciamento, Bento XVI disse que o direito à comida ocupa um lugar importante dentre os direitos humanos, que começam fundamentalmente com o direito à vida. “Solidariedade com os países pobres e envolvimento com as comunidades locais são necessários para promover o desenvolvimento sustentável da agricultura” - afirmou.
A ausência de um calendário concreto e objetivos quantificáveis na declaração final gerou críticas do próprio diretor-geral da FAO, Jacques Diouf, que se disse insatisfeito com o fato de não se ter chegado a um compromisso sobre prazos, termos, quantidade e condições das ajudas para erradicar a fome no mundo. (CM)







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