UM CONVITE À ESPERANÇA: CARTA DO CARDEAL BERTONE AOS PRESBÍTEROS DA IGREJA NA CHINA
Cidade do Vaticano, 16 nov (RV) - O cardeal secretário de Estado, Tarcisio
Bertone, enviou uma carta aos sacerdotes da Igreja Católica na República Popular da
China. Na missiva – enviada no contexto do Ano Sacerdotal que estamos celebrando –
o purpurado exorta os presbíteros chineses a prosseguirem no caminho da reconciliação
dentro da comunidade católica, e do diálogo com as autoridades civis.
O Cardeal
Bertone convida os sacerdotes do Gigante Asiático a seguirem o exemplo do Santo Cura
d'Ars, que "soube dialogar com todos, porque foi homem de oração". Além disso, o cardeal
detém-se sobre os frutos da carta do papa endereçada em maio de 2007 à Igreja chinesa.
"Ainda
é tempo mais de semeadura do que de colheita", observa o Cardeal Bertone citando o
Pe. Matteo Ricci para indicar a situação da Igreja na China, passados dois anos da
publicação da referida carta do pontífice aos católicos chineses.
Ainda não
"chegou o momento de fazer balanços definitivos" – ressalta o cardeal secretário de
Estado. Todavia, "apesar das persistentes dificuldades, as informações que chegaram
de diferentes partes da China indicam também sinais de esperança" – ressalta ele.
Em
seguida, evocando a carta do papa de 27 de maio de 2007, o Cardeal Bertone convida
os sacerdotes a trabalharem pela "reconciliação dentro da comunidade católica" e por
"um diálogo respeitoso e construtivo com as autoridades civis, sem renunciar os princípios
da fé católica".
Para enfrentar a atual situação eclesial e socioeconômica
chinesa, "e para prosseguir no caminho da reconciliação e do diálogo, é urgente para
cada um de vocês buscar luz e força nas fontes da espiritualidade", ou seja, "o amor
de Deus" e "o incondicionado seguimento de Cristo", precisa o cardeal secretário de
Estado, observando que talvez alguns deles tenham ficado surpreso com a carta do papa
à Igreja na China.
Ao mesmo tempo, assegura aos sacerdotes que "a Santa Sé
está a par da complexa e difícil situação" na qual se encontram.
Justamente
"os novos desafios que o povo chinês deve enfrentar no início do Terceiro Milênio
exigem que os sacerdotes se abram "ao futuro com confiança e continuem buscando viver
integralmente a fé cristã" – observa.
O Cardeal Bertone convida os sacerdotes
e os fiéis chineses a anunciarem Cristo mesmo sendo um pequeno rebanho que vive também
ao lado de pessoas "que têm uma posição de indiferença, quando não de aversão a Deus
e à religião".
O secretário de Estado vaticano sugere alguns modos práticos
com os quais os sacerdotes podem dar a sua contribuição:
Visitar as famílias
católicas e não-católicas nos vilarejos; aumentar os esforços para formar bons catequistas;
mostrar a caridade desinteressada da Igreja e, ainda, organizar reuniões em que os
católicos possam convidar seus parentes e amigos não-católicos a fim de que conheçam
melhor a Igreja e a fé cristã.
Em seguida, indica na Eucaristia e na Palavra
de Deus o binômio fundamental para um forte testemunho evangélico. Em particular,
reitera que a Eucaristia é "sacramento da comunhão". Uma comunidade verdadeiramente
eucarística – constata – não pode voltar-se somente sobre si mesma, como se fosse
auto-suficiente, mas deve manter-se em comunhão com cada comunidade católica". De
fato, toda celebração da Eucaristia postula a união "não somente com o próprio bispo,
mas também com o papa" e com todo o Povo de Deus.
O Cardeal Bertone encoraja
assim os sacerdotes chineses a seguirem as pegadas do Santo Cura d'Ars. São João Maria
Vianney "soube dialogar com todos porque foi homem de oração: a arte do diálogo, em
todos os níveis, se adquire no diálogo com Deus, numa oração contínua e sincera" –
lê-se na missiva.
Em seguida, o cardeal dirige-se aos bispos chineses convidando-os
a cuidarem da formação permanente do clero e a promoverem uma pastoral em favor das
vocações sacerdotais. Convida-os também a criarem ocasiões de frequentes contatos
pessoas com os sacerdotes.
Ademais, o Cardeal Bertone exorta os prelados a
se prodigalizarem pela reconciliação espiritual dos corações, em particular mediante
a utilização de instrumentos de comunhão e colaboração dentro da comunidade católica
diocesana.
A carta conclui-se com os votos de que a vida dos sacerdotes chineses
seja "cada vez mais conduzida por aqueles ideais de total doação a Cristo e à Igreja
que inspiraram o pensamento e a ação do Santo Cura d'Ars". (RL)