IGREJA LATINO-AMERICANA RECORDA 20 ANOS DA MORTE DE PE. ELLACURÍA E DE MAIS CINCO
JESUÍTAS
San Salvador, 16 nov (RV) – Hoje, a Igreja latino-americana celebra os 20 anos
da morte violenta do padre jesuíta Ignácio Ellacuría, de mais cinco companheiros de
Jesus e de duas colaboradoras, uma delas com apenas 15 anos. Foram sacrificados por
causa da justiça, em El Salvador.
Ignácio Ellacuría, SJ nasceu em 1930, no
País Basco. Quando estava para completar 17 anos, ingressou na Companhia de Jesus,
em Loyola, na casa onde viveu Santo Inácio. Estudou teologia em Innsbruck, Áustria,
tendo sido aluno de Karl Rahner. Nessa mesma cidade foi ordenado.
Foi destinado
para trabalhar na UCA (Universidade Centro-Americana), em El Salvador, em 1967, onde
já estivera em 1949 durante seus primeiros anos de formação e onde professou os votos
religiosos de castidade, pobreza e obediência.
Intelectual, dirigiu a partir
de 1976 a revista de Estudos Centro-americanos da UCA e em 1979 foi nomeado reitor
da Universidade, após seu retorno a El Salvador, em 1978. Juntamente com Jon Sobrino
e outros, foi um dos grandes pensadores da Teologia da Libertação. Pe. Ellacuría viveu
o exílio por causa de suas idéias e teve nos assassinatos de dois salvadorenhos, o
jesuíta Pe. Rutílio Grande e o bispo Dom Oscar Romero, o apoio afetivo e espiritual
para o prosseguimento de sua missão em favor do povo simples da América Latina.
Em
16 de novembro de 1989, foi assassinado com outros cinco sacerdotes jesuítas: Segundo
Montes, Ignácio Martín Baró, Juan Ramón Moreno, Amando López e Joaquin Pópez y López
– todos comprometidos com a defesa dos mais vulneráveis. Na matança dentro da universidade,
perderam a vida também a cozinheira Julia Elba, e sua filha Celina, de 15 anos.
Em
artigo por ocasião dos 20 anos do assassinato, Jon Sobrino recorda Inácio Ellacuría
e seus companheiros como quem dirigiu o olhar "aos pobres reais, àqueles que vivem
e morrem submissos à opressão da fome, da injustiça, do desprezo e da repressão de
torturas, desaparecimentos, assassinatos; muitas vezes com grande crueldade. E moveram-se
pela compaixão. 'Fizeram milagres', colocando ciência, talentos, tempo e descanso
a serviço da verdade e da justiça. E 'expulsaram demônios'. Certamente, lutaram contra
os demônios de fora, os opressores, oligarcas, governos, forças armadas, e defenderam
os pobres. Não lhes faltaram modelos: Rutilio Grande e Dom Romero. E foram fieis até
o fim em meio às bombas e ameaças, com misericórdia conseqüente". (CAS-BF)