PORTUGAL: IGREJA ESTIMULA REFLEXÃO DE TEMAS CONTROVERSOS
Fátima, 14 nov (RV) - Nesta quinta-feira, em Fátima, Portugal, o presidente
da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), Dom Jorge Ortiga, ao final da Assembléia
Plenária deste órgão, admitiu em coletiva à imprensa que o debate sobre as propostas
de legalização dos casamentos homossexuais no país pode ter como “expressão” um referendum,
de forma que se evite o distanciamento entre a sociedade civil e o Poder Legislativo.
"Não
basta ter um número no programa eleitoral, não basta que em campanha se tenha abordado
a questão uma vez ou outra, parece-nos que é fundamental refletir e que os nossos
órgãos saibam legislar, tendo presente aquilo que o povo pensa ou que o povo quer",
disse.
Na coletiva conclusiva da assembléia plenária da CEP, o Arcebispo de
Braga assegurou que a hierarquia católica não irá lançar qualquer iniciativa que vise
uma consulta referendária, mas assegurou o seu apoio aos movimentos cívicos que, neste
momento, o procuram fazer.
“Se o referendum surgir, as pessoas podem contar
com o nosso apoio e a nossa orientação”, disse, apontando para o objetivo de “formar
consciências”.
“Não podemos ficar apenas na sacristia, teremos de descobrir
outros caminhos”, declarou. Ao final da Assembléia plenária dos bispos portugueses
publicou-se ainda a Nota Pastoral “Cuidar da vida até a morte”, uma “contribuição
para a reflexão ética sobre o morrer”.
Dom Antonio Marto, vice-presidente da
CEP, sublinhou a “importância da temática” e fala da Nota Pastoral como “uma contribuição
para o debate”, procurando "esclarecer ambigüidades” no uso dos conceitos ligados
com o final da vida.
O documento final da assembléia plenária destaca que se
busca “uma visão cristã de um problema antropológico, não apenas confessional”. Afirma-se
claramente ser inaceitável qualquer forma de eutanásia, ou seja, qualquer “ação ou
omissão que, por sua natureza e nas suas intenções, provoca a morte”.
“A possível
legitimação jurídica da eutanásia ou do suicídio assistido resultaria numa inevitável
pressão sobre todas as pessoas cujo nível de saúde não correspondesse aos padrões
comuns da sociedade, sentindo se como um peso ou estorvo indesejado”, alertam os bispos
portugueses. (RD)