Roma 12, nov (RV) - Coletiva de imprensa ontem em Roma do diretor-geral da
FAO, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, Jaques Diouf,
faltando 4 dias para o início da Reunião de Cúpula mundial sobre alimentação, que
terá início segunda-feira próxima, dias 16 e durará três dias. Grande expectativa
por este evento que contará com a participação de Bento XVI na inauguração dos trabalhos.
“A
fome pode ser derrotada”: com essas palavras Jacques Diouf iniciou o encontro com
os jornalistas pedindo à imprensa que siga com atenção a reunião de cúpula, que terá
início com um tom de falência. Os pobres, de fato, não diminuíram no mundo, como previsto
na Cúpula do Milênio, no ano 2000, que tinha estabelecido reduzir a metade o número
de pessoas que passam fome até o ano 2015, ou seja, dos 800 milhões a 400 milhões.
Mas nos dias de hoje, em 2009 as pessoas subnutridas em todo o planeta atingiram a
cifra recorde de um bilhão e 200 mil. Portanto, um habitante entre seis passa fome
e a cada 6 segundos morre uma criança. Não é somente um problema moral é uma ameaça
para a paz e a segurança. Temos assim tantas pessoas famintas, desesperadas, enraivecidas
– explicou Diouf – fonte de violências e imigrações forçadas, desestabilizadoras para
os equilíbrios sócio-econômicos globais.
No momento 31 países necessitam de
ajuda alimentar urgente; a situação mais grave na África oriental onde 20 milhões
de pessoas correm perigo de vida por causa da seca e dos conflitos. Todavia, continuam
altos os preços dos produtos alimentares nos países mais pobres, onde 80% do orçamento
familiar é gasto na alimentação.
Os líderes mundiais – advertiu o diretor-geral
da FAO – não podem permitir-se o luxo de falir novamente. E para sair do túnel é necessário
destinar 17% das ajudas ao desenvolvimento do setor agrícola, ou seja, 44 bilhões
de dólares ao ano. Os fatos demonstram - acrescentou Diouf – que onde foram feitos
investimentos e políticas de sustentação foram atingidos os objetivos do milênio.
Isso ocorreu em 16 países na África, Ásia, América Latina. Palavra de ordem na Reunião
de Cúpula será “redobrar os esforços” para incrementar os investimentos públicos e
privados no campo agrícola-alimentar.
A Fao abriu no seu site da internet um
pedido sob o slogan “não estou de acordo”, em relação a essa grande injustiça que
vê negado o direito primário ao alimento a mais de um bilhão de pessoas. Nasce então
o apelo final de Diouf: “celebremos todos na véspera do Encontro um Dia de greve de
fome em sinal de solidariedade”. Ele fará no próximo sábado. Presente nos trabalhos
na FAO, entre outras autoridades, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. (SP)