2009-11-10 12:39:22

EL SALVADOR VAI INVESTIGAR ASSASSINATO DE DOM OSCAR ROMERO


São Salvador, 10 nov (RV) - A Igreja Católica expressou satisfação pela decisão do governo do presidente Mauricio Funes de assumir a responsabilidade do Estado pelo assassinato do Servo de Deus Oscar Arnulfo Romero, ocorrido em 24 de março de 1980.

Domingo, após celebrar a missa na catedral, o bispo auxiliar de São Salvador, Dom Gregorio Rosa Chávez, assinalou que com este gesto, suspende-se a iniciativa de processar o Estado salvadorenho junto à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).

Numa audiência da CIDH, sexta-feira em Washington, El Salvador reverteu sua posição histórica e anunciou que investigará o assassinato do arcebispo Oscar Arnulfo Romero e acatará o mandato da Comissão.

Reconhecendo plenamente a autoridade da Comissão, o Estado admite o caráter vinculante do informe e as conclusões ditadas pela Comissão e compromete-se a efetivar a resolução do organismo interamericano emitida em abril de 2000, que exige a reparação do dano moral.

A resolução da Comissão Interamericana solicita a investigação do caso para identificar, julgar e punir todos os responsáveis pelo crime, assim como revogar a anistia, reparar os danos e outorgar uma indenização.

Dom Gregorio Rosa Chávez disse esperar que as decisões tomadas nos próximos meses “concretizem o compromisso assumido e contribuam para a reconciliação da família salvadorenha”.

“Isso significa que o martírio do pastor deve ser tratado com respeito, deixando de lado toda intenção de manipular sua memória. Trata-se de algo sagrado” - disse Dom Chávez. Segundo ele, “para alcançar a reconciliação, o país necessita do perdão, mas também da verdade, da justiça e da reparação”.

Dom Oscar Romero, defensor da opção preferencial pelos pobres e conhecido por denunciar a injustiça social e a repressão militar vigente em El Salvador, foi assassinado em 24 de março de 1980 por um franco-atirador contratado pela ultra-direita.

Ele estava celebrando uma missa em um hospital de doentes de câncer.

A Comissão da Verdade, encarregada de investigar os crimes de guerra no país, apontou como mentor intelectual do homicídio o fundador da Aliança Republicana Nacionalista (Arena), Roberto D'Aubuisson, já falecido. Mas a Lei de Anistia, aprovada um ano após os Acordos de Paz que puseram fim à guerra civil no país (1980-1992), deixou o crime na impunidade.

O processo de canonização do Servo de Deus Oscar Arnulfo Romero segue seu trâmite na Congregação para as Causas dos Santos. (CM)







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