VATICANO: COOPERAÇÃO GLOBAL E ENERGIAS RENOVÁVEIS PARA TODOS
Nova York, 09 nov (RV) - O observador permanente da Santa Sé na ONU, Arcebispo
Celestino Migliore, proferiu um novo discurso na última terça-feira, em Nova York,
ainda no contexto da 64ª sessão da Assembleia Geral da ONU. Desta vez, o tema foi
a “Promoção de fontes de energia novas e renováveis”.
“A questão relativa à
energia, renovável e não-renovável, é hoje uma questão chave para a comunidade internacional
e exige a identificação de uma estratégia energética duradoura e global” – afirmou,
explicando que “tal estratégia deve enfrentar as necessidades a curto e longo prazo,
assegurando segurança energética, defesa da saúde e do meio ambiente e a instituição
de compromissos concretos para enfrentar os problemas da mudança climática”.
Segundo
Dom Migliore, a promoção de fontes de energia novas e renováveis é importante para
garantir “um desenvolvimento global e duradouro, que se estenda a todas as áreas do
planeta”.
Para isso, é preciso, primeiramente, reconhecer que o progresso no
setor das energias renováveis é essencial para a erradicação da pobreza: “A cooperação
energética deveria ser orientada a aliviar a pobreza e conciliada com os instrumentos
econômicos e fiscais, assim como com a cooperação regional e internacional, a partilha
das informações, a transferência de tecnologia e as melhores práticas neste setor”.
Dom
Celestino Migliore defende que é necessário favorecer o acesso dos mais pobres a estas
inovações, pois embora tenham grande capacidade em matéria de energia renovável, os
gastos iniciais são muito altos. “A disponibilidade e o acesso à energia renovável
exercem um profundo impacto positivo sobre a saúde, a educação e a alimentação, mas
requerem melhores infra-estruturas, asseguradas por marcos legais e institucionais
adequados”.
Além disso, o arcebispo lembrou que a identificação de fontes energéticas
fiáveis, acessíveis, economicamente praticáveis, socialmente aceitáveis e justas no
nível ambiental deve levar em consideração os custos humanos e ambientais a longo
prazo: “A exploração ambiental, sem atenção às preocupações a longo prazo, pode levar
ao progresso econômico a curto prazo, mas tal crescimento custaria caro”.
O
observador sugeriu que as iniciativas comuns sobre a energia renovável se baseiem
na “justiça inter-geracional”, dado que a tendência de consumo energético de hoje
terá impacto nas gerações futuras. E ainda, para que os programas sobre a energia
renovável tenham êxito, “uma adequada educação sobre a consciência energética e a
formação permanente” são fundamentais.
A conclusão do arcebispo se resume na
necessidade da cooperação pluridimensional que coloque a gestão humana dos recursos
da terra no centro dos esforços individuais, nacionais e internacionais, para enfrentar
as causas e consequências das mudanças climáticas: “Através da firmeza dos objetivos
e da compaixão pelo próximo, seremos capazes de promover um planeta no qual o desejo
de cuidar da terra não seja consequência do medo, e sim sinal do desenvolvimento pessoal
e econômico a longo prazo”. (CM)