PAPA: "MIGRANTES SÃO UM RECURSO E NÃO UM PROBLEMA"
Cidade do Vaticano, 09 nov (RV) - Bento XVI recebeu em audiência esta manhã,
no Vaticano, os participantes do VI Congresso Mundial da Pastoral para os Migrantes
e os Itinerantes, que teve início hoje e se concluirá no próximo dia 12.
O
cardeal-secretário de Estado, Tarcisio Bertone, presidiu esta manhã a celebração eucarística
de abertura do congresso, na Basílica de São Pedro.
Cerca de trezentas pessoas
participam do congresso sobre o tema "Uma resposta pastoral ao fenômeno da migração
na era da globalização. A cinco anos da Instrução Erga migrantes caritas Christi".
O
Santo Padre pediu aos congressistas e também ao presidente do Senado da República
Italiana, Renato Schifani, presentes na audiência, para que "considerem o fenômeno
mundial da migração como uma condição favorável para a compreensão entre os povos,
a construção da paz e de um desenvolvimento que favoreça toda nação".
"O fenômeno
da migração convida a evidenciar a unidade da família humana, o valor do acolhimento,
da hospitalidade e do amor ao próximo. Isso deve ser vivido em gestos cotidianos de
partilha, de co-participação e de solicitude pelos outros, sobretudo pelos mais pobres.
Eis porque a Igreja convida os fiéis a abrirem seus corações aos migrantes e suas
famílias, sabendo que eles não são um problema, mas um recurso a ser valorizado oportunamente
para o caminho da humanidade e pelo seu autêntico desenvolvimento" – frisou o papa.
Infelizmente,
o cenário atual é marcado por dramáticas histórias de migrações, porque a cada dia
aumenta a desigualdade econômica entre países ricos e pobres, e a crise econômica
mundial aumentou o índice de desemprego. Homens, mulheres, crianças, jovens e idosos,
milhões de pessoas que enfrentam o drama da migração a fim de sobreviver e buscar
melhores condições de vida para si e seus familiares.
O Santo Padre sublinhou
que "muitos são obrigados a abandonarem suas terras e suas comunidades de origem e
estão dispostos a aceitar trabalhos em condições degradantes que não respeitam a dignidade
humana, além de enfrentar a difícil inserção nas sociedades para onde migram por causa
da diversidade de língua, cultura e costumes sociais".
"O fenômeno da migração
é complexo" - ressaltou o papa - e "o autêntico desenvolvimento possui sempre mais
um caráter solidário" – disse ainda Bento XVI acrescentando que "hoje, muitos migrantes
abandonam seus países para fugir de condições de vida humanamente inaceitáveis e muitas
vezes não encontram o acolhimento que esperavam. Diante destas situações complexas,
como não parar para refletir sobre as conseqüências de uma sociedade que se baseia
unicamente no mero desenvolvimento material?
O papa disse ainda que na encíclica
Caritas in veritate, ele ressaltou que o verdadeiro desenvolvimento é somente
o integral, ou seja, enquanto engloba cada pessoa e toda pessoa. "É preciso dar respostas
adequadas às grandes mudanças sociais em andamento, tendo claro que não existe desenvolvimento
efetivo se não se favorece o encontro entre os povos, o diálogo entre as culturas
e o respeito pelas legítimas diferenças" – concluiu o pontífice. (MJ)