Washington, 06 nov (RV) - O Brasil foi denunciado ontem diante da Comissão
Interamericana de Direitos Humanos, CIDH, reunida em Washington até sexta-feira. Organizações
de defesa dos direitos humanos que operam em nosso país revelaram a persistência da
escravidão e de lutas para controlar a terra, além da violência institucional em centros
penitenciários.
O ‘Centro pela Justiça e o Direito Internacional’ (Cejil) e
outras associações expuseram essas e outras denúncias no âmbito do 137º período de
sessões públicas da CIDH.
Por sua vez, a representante da Comissão Pastoral
da Terra, Jean Ann Bellini, advertiu que a violência no campo continua aumentando
em torno de três eixos no Brasil: a exploração de escravos, a violência na luta pela
terra e a violência contra os índios e os descendentes de escravos.
A representante
da CPT afirmou que muitas comunidades indígenas sofrem constantes agressões enquanto
aguardam a homologação de suas terras e que desde o início de 2007, houve conflitos
em dez grandes reservas indígenas.
Segundo ela, apesar de mais de 26 mil pessoas
terem sido liberadas da escravidão entre 2003 e 2008, as organizações estão constatando
o aumento dos trabalhos forçados no sul e no sudeste do país, devido à ampliação dos
territórios para a produção de etanol.
Neste sentido, a Comissão Interamericana
de Direitos Humanos atendeu ao pedido de mais de 40 entidades da America Latina e
decidiu que vai investigar os impactos ambientais e de direitos humanos do Complexo
das Usinas de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira.
Os membros da Corte Interamericana
consideraram que “a construção das usinas hidrelétricas no norte do Brasil é um caso
emblemático e grandes impactos ambientais trarão riscos para as populações tradicionais
e os povos indígenas da Bolívia, Brasil e Peru”.
O Cejil concluiu a sessão
com o pedido para que a CIDH faça uma visita ao Brasil, reúna-se com organizações
sociais e especialistas em discriminação e estude a violência institucional e rural
no país.
Além das audiências sobre direitos humanos no Brasil, a CIDH mantém
debates sobre violência institucional contra mulheres e segurança pública no México
e a situação dos homossexuais e dos indígenas na Colômbia. (CM)