2009-11-05 11:46:19

Vaticano lamenta «retirada» de crucifixos : “é grave marginalizar do mundo educativo um sinal fundamental da importância dos valores religiosos na história e na cultura
 


(5/11/2009) O Cardeal Secretário de Estado Tarcisio Bertone, lamentou que a Europa do terceiro milénio troque os seus “símbolos mais queridos” pelas “abóboras” do Halloween.
O prelado comentava assim a decisão do Tribunal Europeu de Direitos do Homem, emitida esta Terça-feira, que define a presença do crucifixo nas escolas como uma violação da liberdade religiosa dos alunos e como contrária ao direito dos pais em educarem os filhos segundo as suas convicções.
O Cardeal Bertone considera tratar-se de uma “verdadeira perda”.
“Devemos procurar conservar, com todas as nossas forças, os sinais da nossa fé, para quem crê e para quem não crê”, concluiu.
Após ter manifestado o seu apreço pela iniciativa do Governo italiano, que anunciou recurso contra a decisão, o Secretário de Estado do Vaticano sublinhou que o crucifixo é “símbolo do amor universal, não de exclusão, mas de acolhimento”.
“Pergunto-me se esta sentença é sinal de razoabilidade ou não”, concluiu.
Precedentemente o director da sala de imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, lamentara a condenação ao sistema, actualmente em vigor na Itália, de exposição de crucifixos nas salas de aula.
“O crucifixo sempre foi um sinal de oferta de amor de Deus e de união e acolhimento para toda a humanidade”..
“É uma pena que seja considerado como um sinal de divisão, de exclusão ou de limitação da liberdade. Não é isso e não o é para o sentimento comum da nossa gente”, acrescentou.
Em particular, o Pe. Lombardi considerou que “é grave marginalizar do mundo educativo um sinal fundamental da importância dos valores religiosos na história e na cultura italianas”.
Segundo este responsável, “a religião oferece um belíssimo contributo para a formação e crescimento moral das pessoas e é um componente essencial da nossa civilização”. Por este motivo, “é errado e míope querer excluí-la da realidade educativa”.
Para o director da Sala de imprensa da Santa Sá “surpreende, além disso, que um tribunal europeu intervenha com tanto peso numa matéria tão profundamente ligada à identidade histórica, cultural e espiritual do povo italiano”.
“Por este caminho, a pessoa não se sente atraída a amar e a partilhar profundamente esta ideia europeia que nós, como católicos italianos, apoiamos fortemente desde a sua origem”, lamentou.
Para o Pe. Lombardi, está em causa a capacidade de “reconhecer o papel do cristianismo na formação da identidade europeia, que foi e continua a ser essencial”.
Na sua edição desta Quinta-feira, o jornal do Vaticano, além das declarações do Cardeal Bertone, apresenta um artigo sobre a decisão do Tribunal de Estrasburgo, considerando que a mesma não reconhece “a importância do papel das religiões na construção da identidade europeia e na afirmação da centralidade do homem na sociedade”.
“A decisão dos juízes de Estrasburgo, por outro lado, parece inspirada numa ideia de laicidade do Estado que leva a marginalizar o contributo das religiões na vida pública”, acrescenta o artigo do “Osservatore Romano”.








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