BENTO XVI NA SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS: SEGUIR JESUS COM ALEGRIA E SEM COMPLEXOS
Cidade do Vaticano, 1º nov (RV) - A solenidade de Todos os Santos convida-nos
a "seguir com alegria as pegadas de Jesus", "sem complexos de inferioridade", "buscando
com humildade a perfeição do amor" e "rejeitando tudo aquilo que não é digno da nossa
condição de cristãos": foi o que disse Bento XVI ao meio-dia deste domingo – da janela
de seus aposentos que dá para a Praça São Pedro – na alocução que precedeu a oração
do Angelus.
Milhares de fiéis, peregrinos e turistas, provenientes de
várias partes do mundo, reuniram-se na Praça São Pedro – numa esplêndida manhã de
sol – para rezar com o papa a oração mariana.
O pontífice convidou também a
vivermos amanhã, 2 de novembro, com autêntico espírito cristão, a Comemoração de todos
os fiéis defuntos, conscientes de que nos túmulos repousam somente os restos mortais
dos nossos entes queridos, à espera da ressurreição final.
Por fim, o pontífice
recordou o 10º aniversário da Declaração Conjunta católico-luterana sobre a Doutrina
da Justificação, marco do caminho ecumênico.
"Não tenham medo de ser santos!
É o melhor serviço que vocês podem oferecer a seus irmãos": foi a exortação do Santo
Padre na solenidade de Todos os Santos, solenidade que – afirmou – "convida a Igreja
peregrina sobre a terra a pregustar a festa sem fim da Comunhão celeste, e a reforçar
a esperança na vida eterna":
"Neste Ano Sacerdotal, gosto de recordar com veneração
especial os santos sacerdotes, tanto os que a Igreja canonizou, propondo-os como exemplo
de virtudes espirituais e pastorais, quanto os – muito mais numerosos – que são conhecidos
por Deus. Cada um de nós conserva a grata recordação de algum desses, que nos ajudou
a crescer na fé e nos fez sentir a bondade e a proximidade de Deus."
Em seguida,
o papa convidou a vivermos amanhã, segunda-feira, a Comemoração de todos os fiéis
defuntos "segundo o autêntico espírito cristão, ou seja, na luz que provém do Mistério
pascal. Cristo morreu e ressuscitou e nos abriu a passagem para a casa do Pai, o Reino
da vida e da paz. Dito isso, Bento XVI acrescentou:
"Quem segue Jesus nesta
vida é acolhido onde Ele nos precedeu. Portanto, ao tempo em que visitamos os cemitérios,
recordemos-nos que ali, nos túmulos, repousam somente os restos mortais dos nossos
entes queridos, à espera da ressurreição final. As suas almas – como diz a Escritura
- já "se encontram nas mãos de Deus" (Sb 3, 1). Portanto, o modo mais apropriado
e eficaz de honrá-los é rezar por eles, oferecendo atos de fé, de esperança e de caridade.
Em união ao Sacrifício eucarístico podemos interceder pela salvação eterna deles,
e experimentar a mais profunda comunhão, à espera de reencontrar-nos juntos, a gozar
para sempre do Amor que nos criou e redimiu."
Em seguida, o pontífice ressaltou
como "a comunhão dos santos é bonita e consoladora", "uma realidade que infunde uma
dimensão diferente a toda a nossa vida":
"Jamais estamos sozinhos! Fazemos
parte de uma "companhia" espiritual em que reina uma profunda solidariedade: o bem
de cada um é uma vantagem para todos e, vive-versa, a felicidade comum se irradia
em cada um. É um mistério que, de certo modo, podemos experimentar já neste mundo,
na família, na amizade, especialmente na comunidade espiritual da Igreja. Maria Santíssima
ajude-nos a trilhar velozmente no caminho da santidade, e se mostre Mãe de misericórdia
para as almas dos defuntos."
Após a oração do Angelus, o pontífice recordou
o 10º aniversário da assinatura em Augsburgo, na Alemanha, da Declaração Conjunta
católico-luterana sobre a Doutrina da Justificação, à qual aderiu, em 2006, também
o Conselho Metodista Mundial.
Um evento que João Paulo II definiu como "um
marco no caminho nada fácil da recomposição da plena unidade entre os cristãos" e
que atesta "um consenso entre luteranos e católicos sobre verdades fundamentais da
doutrina da justificação, verdades que nos levam ao coração do próprio Evangelho e
a questões essenciais da nossa vida" – ressaltou o papa:
"Somos acolhidos e
redimidos por Deus; a nossa existência se inscreve no horizonte da graça, é conduzida
por um Deus misericordioso, que perdoa o nosso pecado e nos chama a uma nova vida
no seguimento de seu Filho; vivemos da graça de Deus e somos chamados a responder
a seu dom; tudo isso nos liberta do medo e nos infunde esperança e coragem num mundo
cheio de incerteza, inquietação e sofrimento... Espero, de coração, que esta data
importante contribua para fazer progredir o caminho rumo à unidade plena e visível
de todos os discípulos de Cristo."
Por fim, Bento XVI dirigiu sua cordial saudação
aos participantes da "Corrida dos Santos", maratona realizada esta manhã, no centro
de Roma, concluída na Rua da Conciliação – principal artéria que dá acesso à Praça
São Pedro. Trata-se de uma iniciativa "que une o esporte e o compromisso humanitário".
O
pontífice saudou ainda, entre outros, os peregrinos provenientes de Paderno Dugnano,
próximo a Milão – norte da Itália – pela conclusão da peregrinação da imagem de Nossa
Senhora de Fátima, no 50º aniversário de consagração da Itália ao Coração Imaculado
de Maria.
O Santo Padre concedeu a todos a sua benção apostólica. (RL)