BENTO XVI: VALORES CRISTÃOS CONSTROEM A ALMA DA EUROPA
Cidade do Vaticano, 31 out (RV) - Bento XVI iniciou as suas atividades deste
sábado recebendo em audiência, esta manhã, no Vaticano, o novo embaixador da Bulgária
junto à Santa Sé, Nikola Kaludov, para a apresentação de suas credenciais.
No
discurso dirigido ao diplomata búlgaro, o Santo Padre reiterou que a queda do Muro
de Berlim, que 20 anos atrás permitiu à Bulgária iniciar um percurso democrático concluído
dois anos atrás com a entrada na União Européia, não deve levar a esquecer que a unidade
entre os Estados do continente deve basear-se nos valores do respeito pelos direitos
e da solidariedade, valores herdados do cristianismo.
Dezoito anos, do esfacelamento
da Cortina de ferro simbolizada pelo Muro de Berlim, à entrada nas instituições da
Europa unida: foi o espaço de tempo de que a Bulgária pós-comunista se serviu para
escrever a sua história mais recente.
Bento XVI reconheceu e apreciou os esforços
realizados pelo Estado do Leste europeu para alcançar a integração comunitária em
2007.
Em seguida, o papa quis reiterar que, paralelamente, "no processo de
construção européia", cada nação não deve sacrificar "a sua identidade cultural",
mas, pelo contrário, encontrar modos a fim de que tal identidade "enriqueça toda a
comunidade".
No caso da Bulgária, há uma antiga herança cristã a ser usada
no presente e no futuro – afirmou o pontífice ao embaixador búlgaro. Um tesouro de
valores e convicções que deve impelir a Bulgária, bem como outros países europeus,
a "criar condições para uma globalização com bom êxito", também para além dos confins
continentais.
Para que essa globalização "possa ser vivida positivamente é
necessário que ela sirva ao "homem todo e a todos os homens", frisou o Santo Padre
acrescentando que foi esse princípio que quis fortemente evidenciar em sua recente
encíclica Caritas in veritate.
É essencial que o desenvolvimento legitimamente
procurado não seja somente econômico, mas leve em consideração a pessoa humana por
inteiro. A medida do homem não reside em seus pertences, mas no desenvolvimento de
seu ser segundo as potencialidades que a natureza encerra – recordou o pontífice.
Nesse
sentido, para que o desenvolvimento do homem e da sociedade seja autêntico – prosseguiu
Bento XVI – ele "deve necessariamente incluir uma dimensão espiritual" e ética, que
se traduz na assunção, por parte de "todos os funcionários públicos", de um "grande
compromisso moral", para que "administrem de modo eficaz e desinteressado a parte
de autoridade que lhes foi confiada".
A cultura cristã que permeia profundamente
o povo búlgaro não é somente um tesouro do passado a ser preservado, mas garantia
para um futuro promissor na medida em que protege o homem das tentações que sempre
ameaçam fazer-lhe esquecer a sua grandeza e a unidade do gênero humano e as exigências
de solidariedade que tal cultura comporta – reafirmou o papa.
Recordando no
início de seu discurso as "boas relações" existentes entre a Bulgária e a Santa Sé
– para as quais a viagem apostólica de João Paulo II em 2002 contribuiu de modo determinante
– Bento XVI fez votos de que as bases dessa relação sejam reforçadas e ampliadas e
também assegurou que a Igreja búlgara "quer trabalhar pelo bem-estar de toda a população",
mediante todas as suas estruturas. (RL)