BISPOS DA AMAZÔNIA: "CHEGA DE DESTRUIÇÃO E CRIME". LEIA DOCUMENTO
Belém, 29 out (RV) - Prossegue, em todo o Brasil, a Semana Missionária para
a Igreja Católica na Amazônia. A intenção é mobilizar a atenção para o maior estado
do país, e a realidade social e ambiental de seus habitantes.
Em todo o território
nacional, estão sendo promovidos fóruns e seminários, inspirados no tema “Cristo aponta
para a Amazônia”, expressão proferida em 1972 pelo Papa Paulo VI.
A Comissão
dos Bispos para a Amazônia, organizadora da Semana, publicou um documento, assinado
por Dom Jaime Chemello, presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia, contextualizando
Semana.
Os bispos recordam que “as primeiras comunidades cristãs testemunhavam
o amor de Cristo, são solidárias com as mais carentes”. Por isso, “colaborar com as
Igrejas da Amazônia que enfrentam desafios na evangelização é tarefa e missão de toda
Igreja no Brasil”.
O documento aponta para a necessidade de encontrar alternativas
ao modelo econômico atual e deter o crime: “Este modelo privilegia o lucro acima da
vida do povo e do respeito à natureza”, afirma.
“É preciso contrapor um projeto
alternativo ao desmatamento, às queimadas, às centrais hidrelétricas e à atividade
das madeireiras, mineradoras e explorações agrícolas de grande dimensão: um projeto
constituído por experiências cooperativistas, economia solidária ou de mercado alternativo,
onde os trabalhadores não apenas produzam, mas também industrializem e comercializem”.
O
documento recorda ainda que a Amazônia é hoje um dos “maiores corredores” para o transporte
de drogas, e para a Igreja, os planos do Governo para o combate ao narcotráfico são
insuficientes e a polícia parece despreparada para enfrentar o fenômeno.
A
desestruturação das famílias, a violência, a prostituição, o abuso sexual de menores,
a escravatura no trabalho agrícola e a “conivência escandalosa de certas autoridades”
com determinados tipos de crimes são também abordados no documento.
A Comissão
abrange ainda aspectos da Igreja local, do trabalho dos leigos, dos esforços que as
dioceses e comunidades locais têm desenvolvido e da necessidade da ajuda de outras
Igrejas para realizar o trabalho de evangelização de forma adequada na Amazônia.
Relatando
as dificuldades, o documento cita as enormes distâncias, a esparsa população em muitas
regiões, os meios de transporte que exigem manutenção frequente, a formação e sustento
dos seminaristas e a realização dos cursos de formação para as lideranças – que exige
despesas muito além das possibilidades da Igreja local.
No âmbito da fé, a
Comissão Episcopal ressalta a importância da religiosidade popular e da espiritualidade
mariana.
“Além da evangelização, a tarefa da Igreja inclui a promoção dos necessitados,
para que, segundo as palavras de João Paulo II proferidas na cidade de Manaus em 1980,
passem de “situações de miséria e abandono indignas de filhos de Deus a condições
mais humanas de vida”.
A Comissão Episcopal “se alegra em ver os Povos Indígenas
crescerem nas suas organizações e assumirem o papel de protagonistas sociais da Amazônia”.
Outro
aspecto frisado pelos bispos é a superação do preconceito que existe em muitos lugares
do país sobre essa região. Neste sentido, pedem à Igreja que favoreça a cooperação
nos campos teológico, intelectual e econômico.
Leia aqui o documento: http://www.cnbb.org.br/ns/modules/mastop_publish/files/files_4a968f06c2224.pdf (CM)