2009-10-23 20:35:55

MENSAGEM FINAL DO SÍNODO: "ÁFRICA, LEVANTA E CAMINHA"


Cidade do Vaticano, 23 out (RV) - Um longo aplauso acolheu esta manhã a apresentação da Mensagem final da II Assembléia Especial para a África do Sínodo dos Bispos, que tem como tema "A Igreja na África a serviço da reconciliação, da justiça e da paz. <> (Mt 5, 13.14).

Na presença de Bento XVI, a 18ª Congregação geral teve a leitura do documento em quatro línguas: inglesa, portuguesa, francesa e italiana.

"África, levanta e caminha!" A exortação lançada pela Mensagem final do Sínodo é bastante forte: não se pode perder tempo, a África deve mudar e não se deve abandonar ao desespero – afirmam os Padres sinodais.

O documento é subdividido em sete partes, mais uma introdução e uma conclusão. Os apelos nele contidos são numerosos: aos sacerdotes, para que sejam fiéis no celibato, na castidade e no desapego aos bens materiais; aos fiéis leigos, "embaixadores de Deus", para que permitam à fé cristã impregnar-se em todas as dimensões de suas vidas.

Nesse âmbito, a Mensagem recomenda a formação permanente dos leigos e a instituição de Universidades católicas.

Outro apelo é dirigido ao mundo político. A África precisa de políticos santos que combatam a corrupção e trabalhem em prol do bem comum – lê-se no texto.

A Mensagem chama em causa as famílias católicas, colocando-as em alerta em relação às ideologias chamadas "modernas" e pedem aos governos que as ajude na luta contra a pobreza, porque uma nação que destrói a família age contra os próprios interesses.

Em seguida, os Padres sinodais voltam seu olhar para as mulheres e homens católicos: as mulheres são definidas "a espinha dorsal" das Igrejas locais. Faz votos de uma sua maior promoção social e as convida a não se tornarem reféns de ideologias estrangeiras "tóxicas" sobre o gênero e a sexualidade.

Ao mesmo tempo, a Mensagem convida os homens católicos a serem maridos e pais responsáveis, a defenderem a vida desde a concepção e a educarem os filhos.

A Mensagem faz um apelo também concernente aos jovens e às crianças, presente e futuro da África, na qual 60% da população tem menos de 25 anos. Recomenda-se para ambos um apostolado atento, que os mantenham distantes das seitas e das violências.

Ademais, a Mensagem final dirige-se à comunidade internacional a fim de que trate a África com respeito e dignidade; mude as regras do jogo econômico e da dívida externa africana; detenha a exploração das multinacionais, exploração que destrói os muitos recursos naturais da África; não esconda, por trás das ajudas, outras intenções desvantajosas para os africanos.

O documento detém-se ainda sobre o problema da Aids, destacando a atuação da Igreja na luta contra o vírus HIV e no tratamento aos doentes.

Concordes com Bento XVI – definido "autêntico amigo da África e dos africanos" – os Padres sinodais reiteram que a questão não será resolvida com a distribuição de preservativos, e ressaltam o bom êxito obtido, ao invés, com a castidade e a fidelidade.

Depois, o documento reitera a importância do diálogo com as religiões tradicionais, em âmbito ecumênico e inter-religioso, em particular com os muçulmanos: o diálogo é possível, mas é importante dizer "não" ao fanatismo, assegurar o respeito recíproco e ressaltar que a liberdade é um direito humano fundamental e inclui a liberdade de partilhar e propor – não de impor – a própria fé.

Entre os outros temas tratados na Mensagem destaca-se a importância do Sacramento da Reconciliação e dos programas diocesanos sobre a paz, da superação da prática da vingança, do reforço dos laços com as antigas Igrejas da Etiópia e Egito e entre a África e os outros continentes. Destaca-se ainda o agradecimento aos missionários, a necessidade de ajudar os imigrantes e os refugiados no mundo, porque o acolhimento é um dever.

Por fim, a Mensagem contém uma exortação a apoiar o Secam (Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagascar), que completou 40 anos de atividade, e a multiplicar os esforços na comunicação social da Igreja, dando como exemplo a potência do rádio.

Na África, as emissoras de rádios católicas passaram de 15 para 163, no espaço de 15 anos, um dado que não pode ser subestimado num mundo "cheio de contradições e de crises profundas", em que a África faz notícia somente em caso negativo.

À margem dos trabalhos sinodais, realizou-se, no início desta tarde, na Sala de Imprensa da Santa Sé, uma coletiva sobre a mensagem conclusiva do Sínodo. Coordenada pelo diretor da Sala de Imprensa vaticana, Pe. Federico Lombardi, a coletiva teve a participação de 3 membros da Comissão que preparou a Mensagem final:

O presidente da Comissão, o arcebispo de Abuja, na Nigéria, Dom John Olorunfemi Onaiyekan; e os dois vice-presidentes, o bispo dos caldeus no Egito, Dom Youssef Ibrahim Sarraf; e o bispo de Chimoio, Moçambique, Dom Francisco João Silota, que é também vice-presidente do Secam (Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagascar).

Os prelados apresentaram os pontos principais da Mensagem aprovada esta manhã pela Assembléia sinodal destacando alguns pontos salientes do documento – como evidenciamos anteriormente.

Respondendo a perguntas de alguns jornalistas presentes, os prelados ressaltaram que o que o Sínodo propõe é que todo cristão seja sal da terra e luz do mundo, e que deve sê-lo também quando detém responsabilidades de caráter público.

Ao reforçar o convite aos cristãos a assumirem responsabilidades também no âmbito político, foi evidenciado que muita coisa não funciona porque muitas vezes quem tem responsabilidades públicas não vive conforme o Evangelho. Daí, a necessidade também de investir – como ressaltado durante os trabalhos sinodais – na formação dos fiéis leigos, no ensino da Doutrina Social da Igreja.

Sobre a Mensagem final, a necessidade de uma sinergia de trabalho e os desafios pastorais a serem enfrentados, eis o que nos disse o bispo moçambicano de Chimoio, Dom Silota, destacando o papel dos bispos e de toda a Igreja no trabalho de reconciliação, da justiça e da paz no continente africano: (RL) RealAudioMP3







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