2009-10-20 11:10:55

AI DE MIM SE NÃO EVANGELIZAR


Cidade do Vaticano, 20 out (RV) - No próximo domingo, dia 25 de outubro, a Arquidiocese do Rio de Janeiro irá iniciar mais uma etapa da elaboração do seu 11º Plano de Pastoral e também fará o envio missionário dentro do contexto da “missão continental”. Isso acontecerá no Santuário Mariano Arquidiocesano de Nossa Senhora da Penha.

No domingo das missões, o Papa Bento XVI recordou-nos, em sua mensagem anual, o belíssimo tema: “As nações caminharão à sua luz” (Ap 21, 24). Com relação a isso, ele nos lembra que “o objetivo da missão da Igreja é iluminar com a luz do Evangelho todos os povos em seu caminhar na história rumo a Deus, pois Nele encontramos a sua plena realização”. E também que “devemos sentir o anseio e a paixão de iluminar todos os povos, com a luz de Cristo, que resplandece no rosto da Igreja, para que todos se reúnam na única família humana, sob a amável paternidade de Deus”.

No Brasil, sempre levados e iluminados pelo tema da Campanha da Fraternidade, durante este mês refletimos sobre “enviados para anunciar a Boa Nova (Lc 4,18)”. É claro que tanto o dia mundial como o mês missionário são ocasiões para uma redescoberta e, ainda mais, um reavivamento do nosso espírito missionário.
No domingo, dia 11, foi canonizado um grande missionário destes últimos tempos – o Padre Damião de Molokai – jovem belga, que vindo como missionário às ilhas do Havaí, se dispõe a viver na ilha com os “leprosos” que eram banidos do meio social na época. A Igreja tem grandes sinais, ontem e hoje que nos encorajam e enchem o nosso coração de fervor missionário.

São Paulo, grande apóstolo e propagador do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, diz a si mesmo algo que se aplica a todo batizado: ai de mim se não evangelizar!
Com efeito, a urgência em divulgar as mensagens de Cristo a todo tempo e em qualquer lugar é uma obrigação de todo batizado, necessidade hoje mais do que imperativa no mundo em que vivemos, marcado pelo neo-paganismo, pelo hedonismo, subjetivismos e pelo individualismo.

A razão última da missão de evangelizar nasce da vontade de Deus Pai, expressa por Jesus Cristo, que quer que todos sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade. Assim, o cristão, seduzido pelos ensinamentos de Jesus Cristo, não pode deixar de testemunhá-Lo onde quer que esteja, isto é, na sua casa, no seu trabalho, no seu convívio social. É o que nos recorda o documento de Aparecida: quem é verdadeiramente discípulo, é também missionário, e vive em estado de missão permanente!

Com efeito, o próprio Cristo, caminho, verdade e vida, determina aos apóstolos o que se aplica a todos nós: “Vão pelo mundo inteiro e anunciem a Boa Nova a toda humanidade. Quem acreditar e for batizado será salvo. Quem não acreditar, será condenado” (MC 16, 15-16). Mas que Boa Nova é essa? A Boa Nova, que todo cristão deve anunciar a todos, a começar em sua própria casa, é que Deus, nosso Criador, é Pai de todos, todos somos irmãos e que somos chamados a amar-nos e amarmos aos outros, como seu Filho Jesus Cristo nos amou, entregando-se à morte, e morte de cruz, em favor de cada um de nós. Como necessitamos construir fraternidade, viver o perdão a cada dia e sermos sinais concretos dessas realidades!

Num mundo marcado pelo egoísmo, onde cada um somente busca o seu próprio bem, esquecendo-se dos demais, Cristo Jesus traz para nós outra maneira de pensar e viver, que é o amor ao nosso irmão, da mesma maneira que nos amamos a nós mesmos.

São Paulo, na segunda Carta a Timóteo, faz-lhe um apelo dramático, o qual, também é dirigido na pessoa desse seu discípulo, a todos nós: “Rogo a você, diante de Deus e de Jesus Cristo, que há de vir para julgar os vivos e os mortos pela sua manifestação de seu Reino: proclame a Palavra, insista no tempo oportuno e inoportuno, advertindo, reprovando e aconselhando com toda paciência e doutrina”. (2Tm, 4, 1-2). Então, o julgamento de todo homem se dará pelo seu empenho ou não na manifestação das verdades evangélicas, oportuna ou inoportunamente, isto é, a todo tempo, em qualquer circunstância de nossa vida. Muitas vezes somos demais racionalistas e transformamos as verdades evangélicas em teorias, e nosso querido Deus e Pai, numa divindade distante.

Deus, todavia, necessita de homens e mulheres que sejam testemunhas de que Ele está ao nosso lado, e age sempre através das pessoas que creem Nele e fazem de sua vida o testemunho vivo de que Ele olha por nós. Eis o testemunho da Madre Tereza de Calcutá: “Deus se identificou com os famintos, os doentes, os nus, os sem-teto. A fome não é somente fome de comida, mas também de amor, de cuidado, de significar algo para alguém. A nudez não é só falta de roupa, mas necessidade daquela compaixão que tão poucos demonstram em relação aos desconhecidos. A falta de teto não é só falta de um abrigo feito de pedras, mas não ter alguém para poder considerar como seu.” Isso nos recorda que toda missão nos compromete com o homem todo e todas as suas necessidades. O Padre Damião de Molokai, recentemente canonizado, além de doar a sua vida na ilha dos hansenianos, lutou por eles – por mais dignidade, por remédios e tratamentos dignos! A caridade social na Igreja decorre de uma vida de santidade e de verdadeira busca de Deus!

Assim, queridos irmãos e irmãs, hoje também necessitamos de fazer a nossa parte para que o Cristo seja anunciado pelo nosso testemunho e pelas nossas palavras, e dizer a todos que vale muito a pena lutar para que Ele seja conhecido e amado.

+ Orani João Tempesta, O. Cist.

Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ









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