Cidade do Vaticano, 17 out (RV) - A expansão das novas Igrejas pentecostais
e evangélicas na África também é tema de pauta do debate dos bispos reunidos no Vaticano
para o Sínodo sobre o continente, reunido até 25 de outubro.
Na Costa do Marfim,
a propagação de novas Igrejas e seitas constata-se, por exemplo, na ação da Igreja
Universal, que se apoderou de todos os cinemas da capital econômica, Abidjã, e faz
muita propaganda no rádio e na TV. Através de gigantescos 'outdoors', estes grupos
anunciam ‘vigílias milagrosas’ nos estádios.
Segundo uma investigação policial
realizada em 2006, apenas em Kinshasa, na República Democrática do Congo, havia entre
12.000 e 13.000 “Igrejas do Despertar”.
Estas Igrejas se expandem basicamente
graças a mensagens como promessas de curas e milagres através de exorcismo, além da
oferta de riqueza e outros bens materiais.
O bispo de Abeokuta, na Nigéria,
Dom Alfred Adewale Martins, se referiu a estas Igrejas como “grupos geralmente muito
agressivos, que falam da Igreja Católica como uma Igreja morta”. “Eles querem acabar
com a Igreja Católica, tanto no que diz respeito a sua influência como ao número de
seus fiéis”, assinalou Dom Martins.
Seu relato foi confirmado pelo bispo de
Fort Royal, em Uganda, Dom Robert Murhiirwa, que contou que os muçulmanos e as Igrejas
pentecostais “gastam milhões de dólares em nossos países para atrair os jovens”.
“Em
sua ação, capturam nossos membros mais vulneráveis: os jovens e os adultos jovens”
- acrescentou Dom Felix Alaba Adeosin Job, arcebispo de Ibadan, Nigéria.
Os
padres sinodais concordaram em indicar que o sucesso desses movimentos se alimenta
do mal-estar de uma população que vive num continente afetado regularmente por conflitos
e onde a corrupção prospera graças à pobreza.
O cardeal francês Dom Jean-Louis
Tauran, Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, concluiu
que “a atividade das seitas, pela simplicidade de suas crenças, seduz muitos africanos
vítimas da precariedade”.
Sua opinião foi completada pelo cardeal alemão Dom
Walter Kasper, Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos:
“Devemos enfrentar este desafio urgente com uma atitude de autocrítica; é preciso
levar a sério o contexto das raízes culturais africanas”. (CM)