Sínodo começa a delinear as propostas que serão apresentadas ao Papa
(16/10/2009) Que os africanos se tornem actores protagonistas do seu destino: foram
os votos expressos na II Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos,
que decorre no Vaticano com o tema "A Igreja na África ao serviço da reconciliação,
da justiça e da paz "Vós sois o sal da terra... Vós sois a luz do mundo" (Mt
5, 13-14)." Na presença de Bento XVI, foram já apresentados os relatórios dos
“círculos menores” ou grupos linguísticos. Na tarde desta quinta feira e hoje de
manhã os padres sinodais reuniram-se de novo em grupos linguísticos com o objectivo
de preparar as propostas que serão submetidas ao secretariado-geral do Sínodo, para
posterior apresentação ao Papa. O arcebispo Gabriel Mbilingi, arcebispo de Lubango
(Angola) e presidente da Conferência Inter-regional de Bispos do Sul de África, enumerou
algumas das sugestões do Círculo Menor Português: a Doutrina Social da Igreja deve
ser explicitamente referida no anúncio da mensagem cristã e a catequese deve levar
a uma opção pessoal por Cristo. Por outro lado, é preciso recordar o papel da vida
consagrada na missão da Igreja, valorizar a política como serviço à sociedade e ajudar
os estadistas cristãos a assumir as suas responsabilidades de acordo com a sua fé. O
clero, por sua vez, é chamado a assumir a sua identidade como quem serve, e não como
quem detém a autoridade, devendo igualmente denunciar as violações dos direitos humanos
e prosseguir o caminho de reconciliação e purificação da memória dentro da Igreja,
referiu D. Gabriel Mbilingi. -“Só uma pessoa reconciliada com Deus vive na paz
e é capaz de transmitir a paz”, afirmou o representante de um dos grupos de trabalho
em língua francesa, a propósito da importância do sacramento da Reconciliação a nível
social e eclesial. Por isso, explicou o Pe. Edouard Tsimba, é necessário consagrar-lhe
“todo o tempo e preparação necessárias”. Na sua intervenção, o sacerdote evocou
a influência que a vida e o martírio dos cristãos têm para a fé, referiu-se à “grande
importância” do testemunho dos membros da Igreja para o apaziguamento social, lembrou
que é necessário convocar a colaboração de toda a sociedade na construção da paz,
e assinalou que “todos os cristãos (…) estão orgulhosos de sê-lo e de mostrá-lo nas
suas vidas”. O Superior Geral dos Missionários de África (Padres Brancos), P. Gèrard
Chabanon, destacou “dois grandes temas”: a família e o diálogo entre cristãos e muçulmanos,
que deve incluir “a liberdade de consciência e a reciprocidade do culto”. O desenvolvimento
de uma concepção multi-ministerial da Igreja que abarque todos os seus membros, com
particular relevo para os leigos, foi um dos aspectos referidos pelo delegado do Círculo
Menor anglo-francês, D. Jean Mbarga. O bispo de Ebolowa (Camarões) mencionou também
o “desafio maior” do tribalismo na Igreja e afirmou que “a acção profética das Comissões
de Justiça e Paz merece (…) uma maior consideração”.
Os Círculos menores pedem
acções contundentes contra o tráfico de armas e de drogas, e contra as mutilações
genitais femininas.
Ressaltou-se também a necessidade de um plano orgânico
contra a pandemia da Sida: a África deve despertar perante este drama e deve mudar
o seu etilo de vida – afirmaram os Padres sinodais.
Foi também reiterada
a importância de apoiar as escolas e as universidades católicas, de se ter regras
sólidas para as pessoas consagradas, para as quais se deve pensar uma formação contínua;
e de se envolver mais os leigos na obra de evangelização. Por fim, os Padres sinodais
sugerem a instituição de um Congresso eucarístico continental, de um encontro pan-africano
sobre as mulheres e de um fórum de oração inter-religiosa, porque, num país marcado
por conflitos e violências, rezar juntos é um primeiro passo rumo à paz – afirmaram.