2009-10-16 14:22:51

Relatório apresentado por Dom Philippe OUÉDRAOGO, Arcebispo de Ouagadougou (BURKINA FASO)


S. E. R. Dom Philippe OUÉDRAOGO, Arcebispo de Ouagadougou (BURKINA FASO)

O nosso grupo tomou como esquema de reflexão a trilogia proposta pelo Instrumentum laboris: Cristo nossa reconciliação, Cristo nossa justiça, Cristo nossa paz, e acrescentou uma quarta dimensão: agentes de reconciliação, de justiça e de paz.
1. Cristo nossa reconciliação
Para a reconciliação foram indicados os aspectos positivos e os negativos da cultura e da tradição africanas, capazes de favorecer ou impedir a compreensão cristã e a celebração da reconciliação. Entre os elementos negativos, podemos citar: o carácter colectivo da culpa, a solidariedade do clã, uma categoria de culpas jurídicas imperdoáveis, a falta de consideração da dimensão particular da culpa, a vingança, que não permite a reconciliação. Ao contrário, os elementos positivos dos costumes africanos, úteis na catequese e na celebração do Sacramento da Reconciliação, são: o hábito da confissão, a sanção e a reparação, os sinais de reconciliação, ou seja o vinho de palmeira, o dom de uma filha no matrimónio, a invocação dos antepassados, o juramento ou o compromisso a não cometer de novo o mesmo erro.
2. Cristo nossa justiça
O homem criado à imagem de Deus deve ser respeitado sobretudo nos seus direitos fundamentais, em particular os das mulheres, que na África são as primeiras vítimas da injustiça. A Igreja-família de Deus na África deve empenhar-se a acolher este desafio através das comissões «justiça e paz», da alfabetização, do ensinamento dos direitos do cidadão.
3. Cristo nossa paz
O testemunho da Igreja deve andar a par e passo com o empenho concreto pela paz de cada um dos seus membros. Não há justiça sem respeito pela lei. É preciso ajudar os nossos governantes a restaurá-la e a consolidar o estado de direito pregando em todas as ocasiões oportunas e inoportunas, segundo o mandato do apóstolo Paulo. Constatamos o poder alastrador do dinheiro a todos os níveis da vida social, política e económica. Disso surge a necessidade de uma catequese melhor sobre o valor e o uso dos bens materiais.
4. Agentes de reconciliação, de justiça e de paz.
Seguindo o exemplo de Cristo e através dos seus membros, a Igreja é enviada para construir o reino de Deus: um reino de reconciliação, de justiça e de paz. Todos os baptizados, cada um em conformidade com a própria vocação, são chamados a desempenhar um papel insubstituível. Portanto, a Igreja deve promover uma adequada pastoral ao serviço da família. Depois, deve valorizar as mulheres e o seu papel na comunidade e acompanhar os leigos a fim de que o seu empenho seja eficaz a nível social e rico de valores evangélicos. Do mesmo modo os sacerdotes, estando ao serviço de Deus e dos homens, devem viver de maneira coerente com a sua vocação, para ser exemplo. Os mass media, que são meios modernos de comunicação inevitáveis, devem ser evangelizados e utilizados pela Igreja para educar as consciências para o discernimento das informações, com a finalidade de contribuir para o bem da humanidade e não para o seu mal.
Reconciliação, justiça e paz constituem desafios actuais e complexos para a África e para o mundo. Os discípulos de Cristo devem por conseguinte tomar consciência da situação e mobilizar-se mormente para que o mundo seja mais reconciliado, justo e pacífico.







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