SÍNODO: CONTINENTE AFRICANO SEJA PROTAGONISTA DE SEU DESTINO
Cidade do Vaticano, 15 out (RV) - Que os africanos se tornem atores protagonistas
de seu destino: foram os votos expressos esta manhã na II Assembléia Especial para
a África do Sínodo dos Bispos, em andamento no Vaticano com o tema "A Igreja na África
a serviço da reconciliação, da justiça e da paz "Vós sois o sal da terra... Vós sois
a luz do mundo" (Mt 5, 13-14)."
A Congregação de hoje, a 15ª, teve a
apresentação dos relatos dos Círculos menores. Os Padres sinodais, na presença de
Bento XVI, começaram a delinear as prováveis temáticas a serem inseridas nos documentos
finais da Assembléia.
Assumir as rédeas do próprio destino e vivê-lo como protagonistas
para relançar a África: efetivamente, foi o mandato que os Padres sinodais confiaram
a todos os africanos. Que o Sínodo os ajude a tomar consciência da sua dignidade e
seja uma Assembléia de esperança e de ressurreição, de compromisso e de coragem.
Depois,
os Círculos menores traçaram um balanço do que foi feito até então. Os prelados afirmam
que o resultado é positivo, todavia, observam que alguns aspectos devem ser aprofundados.
Quais aspectos? A escolha é bastante ampla:
Pode-se partir da necessidade de
tutelar o ambiente, de olhar para as vocações com maior discernimento, de pensar nas
tradições africanas como base do processo de reconciliação.
De fato, nas tradições
africanas encontram-se presentes muitos pontos positivos – como o rito de reconhecimento
da culpa ou o rito da promessa de não mais cair no erro – que podem conciliar-se com
o cristianismo.
Os Padres sinodais sugerem a difusão de textos que informem
sobre a Doutrina da Igreja no campo da sexualidade, pedem um maior cuidado pastoral
para com os trabalhadores; a família, que deve ter um papel de relevo; e para com
as mulheres, inclusive as religiosas.
Pediu-se também atenção para com a feitiçaria
que prejudica fortemente toda a sociedade africana, e para com a relação com o Islã,
a ser analisada caso por caso, afirmam os Padres sinodais, porque os muçulmanos na
África não estão presentes de modo homogêneo, mas se diferenciam de país para país.
Pediu-se
também maior espaço para a questão das migrações, para a política mundial a esse respeito
e para o papel da Igreja na tutela dos direitos humanos e da dignidade da pessoa.
Foi
também reiterada a necessidade de reforçar os laços entre as Igrejas locais e a Igreja
presente no mundo inteiro e de fazer de modo que, nas associações que agrupam numerosas
Conferências episcopais, os bispos falem em uma só voz.
Ademais, os Padres
sinodais recordam a importância da mídia para a comunicação eclesial e também para
a formação da população: rádio e TV, por exemplo, podem contribuir para veicular valores
salutares para a família.
Em seguida, falou-se do grande desafio dos países
em crise política: o processo de reconciliação não deve ser politizado, enfatizaram
os Padres sinodais, ressaltando que a Igreja jamais deve ser refém de conflitos institucionais
e que a mesma acompanhe os líderes rumo a um exercício do poder distante da corrupção.
Por
fim, os Círculos menores pedem ações contundentes contra o tráfico de armas e de drogas,
e contra as mutilações genitais femininas.
Ressaltou-se também a necessidade
de um plano orgânico contra a pandemia da Aids: a África deve despertar-se diante
desse drama e deve mudar o seu etilo de vida – afirmaram os Padres sinodais.
Foi
também reiterada a importância de apoiar as escolas e as universidades católicas,
de se ter regras sólidas para as pessoas consagradas, para as quais se deve pensar
uma formação contínua; e de se envolver mais os leigos na obra de evangelização, porque
a Igreja não deve ter medo deles – foi dito na Sala do Sínodo.
Por fim, os
Padres sinodais sugerem a instituição de um Congresso eucarístico continental, de
um encontro pan-africano sobre as mulheres e de um fórum de oração inter-religiosa,
porque, num país marcado por conflitos e violências, rezar juntos é um primeiro passo
rumo à paz – afirmaram. (RL)