2009-10-15 17:02:04

Intervenção de Dom Augustine SHAO, Bispo de Zanzibar (TANZÂNIA)


S. E. R. Dom Augustine SHAO, C.S.Sp., Bispo de Zanzibar (TANZÂNIA)

Intervenção entregue por escrito mas não lida na Aula.



Desejo reiterar que o tema do Sínodo refere-se à região na qual desempenho o meu trabalho, que é 99% muçulmana. O meu desafio é: como levar a reconciliação numa situação em que algumas pessoas dizem possuir toda a verdade e sob esta lógica, todo o estilo de vida, a cultura, a economia e a política são dirigidos e controlados por uma religião? O nosso problema principal é a disparidade na distribuição das entradas do governo: uma religião é inteiramente financiada e sustentada enquanto as outras continuam a ser grupos tolerados enquanto não se converterem!

A reconciliação, a justiça e a paz na África poderão ser uma realidade somente quando nós, líderes religiosos, mudaremos o nosso comportamento mental sobre as nossas culturas, tradições e tabús, usados e praticados pelas religiões tradicionais africanas. A linguagem e os nomes destes grupos não encorajam minimamente o diálogo e a abertura. Denominações como pagãos ou animistas não podem definir a verdade sobre a crença das pessoas. Consequentemente, existem os cristãos dos domingos, que durante os outros seis dias da semana, praticam a religião tradicional africana. A Igreja na África deve comprometer-se cotidianamente no processo para harmonizar e levar a paz às consciências dos fiéis africanos, que querem ser discípulos autênticos de Cristo, mas encontram-se numa encruzilhada. Sugiro, portanto, que esta segunda assembleia sinodal dedique grande atenção à questão do diálogo e da inculturação. Observe-se que o diálogo requer que pensemos nas pessoas de modo positivo. Elas devem ser vistas, antes de tudo, como pessoas humanas, independentemente da sua religião. Aceitar o próximo exige a negação de si.

A história da Tanzânia demonstra a tolerância religiosa, mas nos últimos tempos, este valor tão apreciado tem sido ameaçado pelo fundamentalismo religioso. Enquanto o arquipélago de Zanzibar continua a ser 99% islâmico, com tribunais islâmicos (tribunais Kathi), a situação é diferente na Tanzânia continental. Enquanto o país se esforça para continuar a ser um Estado leigo, onde vige a liberdade religiosa, há pressões para que se construam tribunais islâmicos e para que se una à OIC, às custas dos contribuintes. A estratégia islâmica para demonstrar a sua predominância se concentra na proliferação de mesquitas e no controlo dos negócios e da política. Na Tanzânia, 80-90% dos meios transportes de longa distância pertencem a muçulmanos, o que facilita a exigência de transformar a sexta-feira em um dia festivo.








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