2009-10-14 14:31:41

Intervenção de Dom Odon Marie Arsène RAZANAKOLONA, Arcebispo de Antananarivo (MADAGASCAR)


S. E. R. Dom Odon Marie Arsène RAZANAKOLONA, Arcebispo de Antananarivo (MADAGASCAR)

Nos últimos eventos que fizeram conhecer Madagáscar a nível mundial, e que nos fazem deplorar a perda de vidas humanas e danos materiais ingentes, fizemos apelo ao Conselho das Igrejas cristãs, conhecido pela sigla FFKM (que reúne católicos, luteranos, reformados e anglicanos). Deve ser observado que nos tumultos cíclicos que abalaram a grande ilha desde 1980, o FFKM foi um recurso para sair da crise que depois se concluiu com a assinatura do acordo entre as partes em conflito. Depois seguiram-se as eleições.
Como o FFKM foi escolhido como mediador?
Antes de tudo, observamos que a Conferência dos bispos de Madagáscar nunca deixou de dar o alarme para atrair a atenção do poder vigente. Com efeito, a maioria das pessoas tornava-se cada vez mais pobre enquanto a minoria enriquecia; verificou-se uma deriva ditatorial com a adopção de uma constituição sob medida do presidente, quando houve a venda de terrenos a companhias estrangeiras, para não falar das fraudes eleitorais...
Os líderes religiosos e os representantes de primeiro plano lançaram apelos à calma. Por sua vez, a Conferência dos bispos de Madagáscar criou uma unidade de crise para seguir a evolução dos eventos. A 6 de Fevereiro de 2009 conseguiu reunir em volta de uma mesa os representantes das duas partes adversárias.
Gostaria de extrair uma lição desta experiência de mediação:
1. Não se pode mediar sem uma precedente formação, caso contrário a falência é garantida;
2. Os mediadores devem permanecer unidos se quiserem levar a bom êxito o próprio trabalho;
3. Nestas negociações nunca há boa fé nem sinceridade e isto leva ao desânimo, contudo não é preciso abandonar a mesa das negociações;
4. A solidariedade da Conferência dos bispos do Madagáscar foi também um testemunho importante no meio da crise e é isto que faz a sua força;
5. Infelizmente o FFKM saiu ferido e diminuído desta experiência. Todavia, isto dá esperança e suscitou a organização de laboratórios de formação sobre o ecumenismo em toda a ilha. São financiados pelo Conselho Ecuménico das Igrejas de Genebra.








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