Assembleia especial do Sínodo dos Bispos para a África, o discernimento da Igreja
universal sobre a maneira com a qual manter são, para a humanidade, o enorme pulmão
espiritual da África .
(14/10/2009) Para a Igreja Católica na África , a reconciliação torna-se não um
estado ou um agir, mas um processo dinâmico , uma tarefa que se deve compreender dia
após dia, um objectivo pelo qual lutar, uma realidade que deve ser restabelecida,
com amor, misericórdia , amizade tolerante, laços fraternos, confiança e confidencia.
Afirma a síntese do debate apresentado na segunda assembleia especial do sínodo
dos bispos para a África pelo relator geral o card. Peter Turkson. Todas as formas
de experiencia e de (pratica) concretização do tema do sínodo ( reconciliação, justiça
e paz) precisam de ser evangelizadas, isto é compreendidas e vividas á luz do Evangelho.
Nesta óptica , a reconciliação é a restauração da justiça e das justas exigências
das relações. “ A justiça ( o ser justo ) de Deus e o Seu Reino á a revelação de
Deus que é destinada a ser a justiça dos seres humanos, explicou o card. Turkson para
o qual este aspecto “é da máxima importância , pedido pela nossa natureza e identidade”.
Os padres sinodais - salientou - ouviram testemunhos da urgência da reconciliação
e dos inimigos, e constataram quanto ela é um acto de verdade e amor misericordioso. E
se a nível das varias comunidades, a liturgia e o sacramento da Penitencia oferecem
momentos privilegiados para a sua celebração, a nível continental a Igreja africana
propõe-se como objectivo favorecer o mesmo processo: “pede-se – afirmam os bispos
– que o SECAM ( isto é o organismo que reúne as conferencia episcopais da África
e Madagáscar ) procure obter o pape, de observador junto da União Africana e as conferencias
episcopais regionais deveriam fazer a mesma coisa com os parlamentos regionais e nacionais,
como acontece na África do Sul. Segundo o relator geral do Sínodo “um testemunho
actual deste desejo de viver numa comunhão eclesial activa é a decisão das duas conferencias
episcopais regionais da África ocidental até agora distintas, anglófona e francófona
, de constituir uma única conferencia episcopal regional. O cardeal Peter Turkson,
apresentando a síntese do debate sinodal quis também esclarecer o papel deste Sínodo
que não é – disse – uma sessão especial da ONU para a África , mas sobretudo uma assembleia
de fé que contudo não é um assunto exclusivamente africano, mas representa o discernimento
da Igreja universal sobre a maneira com a qual manter são, para a humanidade, o enorme
pulmão espiritual da África . Um pulmão intoxicado por males internos, como a
discriminação da mulher, a exploração das crianças, o abandono dos jovens, a droga,
a SIDA. E por males externos como a exploração do ambiente e dos recursos da parte
das multinaçionais, geradores de conflitos. Uma situação, acerca da qual o Ocidente
reagiu em grande parte – denunciou o relator geral do Sínodo - procurando manter longe
os africanos com legislações migratórias cada vez mais restritivas. Contudo o
sínodo não lança só acusações, mas antes e sobretudo faz um apelo a uma paz e uma
justiça, cujo primeiro objectivo não seja a indemnização, mas tender a sarar através
da admissão da culpa e o perdão. No debate os padres sinodais indicaram depois
como tarefa primordial da Igreja, como Família de Deus em África , a reabilitação
da família africana na sua dignidade e na sua vocação, visto que é ameaçada : os
padres sinodais denunciaram claramente as ideologias e os programas internacionais
que são impostos ás nações africanas como motivações erradas e com condicionamentos
em vista da ajuda ao desenvolvimento. Existe alarme entre os bispos africanos por
causa da destruição de uma visão autentica do matrimónio e de uma noção sã de
família . Vários padres sinodais indicaram que esta instituição encontra-se sob uma
ameaça seria de instabilidade e de dissolução por causa da pobreza, dos conflitos,
das crenças e praticas tradicionais ( feitiçaria ), das doenças, principalmente a
malária e o HIV-SIDA. Mas preocupam ainda mais os ásperos ataques contra a família
e á instituição fundamental do matrimónio , provenientes de ambientes externos ao
mundo africano e atribuíveis a diferentes matrizes: ideologias do género, planificação
dos nascimentos, esterilização, matrimónios homossexuais, convivências livres. Nalgumas
sociedades, além disso, as mulheres são ainda recursos subdesenvolvidos: sofrem uma
exclusão das mansões sociais, nas heranças, nos lugares de educação e nos centros
de decisão. São vitimas sem defesa de estupros nas zonas de conflito, de matrimónios
poligâmicos de tráficos de prostituição. E as crianças representam de facto a parte
mais sofredora da população africana: sofrem abusos crianças soldados, submetidas
a trabalhos ou vendidas, e são-lhes negados os seus direitos á educação. Para os
padres sinodais, entre os problemas de África merecem uma citação particular os jovens,
pela sua exposição ao abuso da droga, á infecção do HIV-SIDA, á gravidez precoce ,
ás migrações, ao trafico de pessoas e aos trabalhos que os reduzem a condições servis.
Estas desventuras fazem ressaltar também a pobreza das politicas governamentais acerca
da educação, ou acerca dos programas de emprego, as relações escassas destes governos
com a Igreja, com base na escassa qualidade e incremento da formação e á sua oposição
á Igreja.