Cidade do Vaticano, 13 out (RV) - O martírio cotidiano das mulheres foi pauta
ontem no Sínodo dos bispos africanos, com o testemunho de dois bispos: Dom Augustine
Obiora Akubeze, bispo de Uromi, na Nigéria; e Dom Théophile Kaboy Ruboneka, auxiliar
de Goma, na República Democrática do Congo.
Dom Augustine narrou à assembléia
sobre os horrores das mulheres consideradas bruxas e mortas às vezes pela simples
suspeita de serem feiticeiras, um fenômeno conhecido como ‘caça às bruxas’.
Segundo
os relatos, as mulheres são assassinadas de forma brutal, em algumas ocasiões com
a cumplicidade de Igrejas de origem ocidental, como por exemplo, as pentecostais (movimento
nascido nos EUA, no século XIX), que atuam na Nigéria.
De acordo com o bispo,
muitas pessoas atribuem às vítimas ‘poderes mágicos e maléficos’. “Pensa-se que estas
mulheres matam seus filhos, bebem sangue humano e levam doenças e ruína a amigos a
familiares”, disse, acrescentando que por isso, são ‘massacradas’, ‘acorrentadas e
obrigadas a confessar’, e em alguns casos, ‘envenenadas ou sepultadas vivas’.
Dom Augustine explicou que estes crimes são cometidos com base em crenças ancestrais,
e contam com a postura omissa de novas Igrejas cristãs, “que não ajudam a superar
os preconceitos”.
O problema da bruxaria na África é tão comum que o próprio
papa Bento XVI, durante sua viagem a Camarões e Angola, em abril passado, exortou
a Igreja Católica a não se deixar envolver em compromissos radicados em tradições,
práticas de magia ou superstições.
O bispo congolês Dom Theophile Kaboy Ruboneka
relatou outro tipo de sofrimento feminino: os estupros de massa. A seu ver, a violência
contra as mulheres é usada como ‘arma de guerra’ no continente.
“Os conflitos
e a guerra levaram à mercantilização das mulheres”, explicou, revelando que milhares
de mulheres são vítimas de violência, cometida inclusive por seus próprios filhos:
“Os jovens são obrigados a violentar suas mães e a ter relações carnais com suas irmãs”.
“A
violência destruiu inteiras gerações, às quais é difícil hoje falar de reconciliação”.
(CM)