SINODO, ONU: PAPEL DAS RELIGIÕES NA ÁFRICA É INESTIMÁVEL
Cidade do Vaticano, 13 out (RV) - A ação dos missionários na África, os ensinamentos
da Igreja Católica e do Islã, a responsabilidade social e a gestão racional dos recursos.
Estes foram os pontos centrais do discurso proferido ontem pelo diretor da FAO, (Organização
para a Alimentação e a Agricultura da ONU), Jacques Diouf, diante dos bispos africanos,
na II Assembléia especial do Sínodo, em andamento no Vaticano.
Diouf, senegalês
e muçulmano, destacou o contributo dos ensinamentos religiosos, de modo especial da
Igreja Católica e do Islã, numa estratégia de ação respeitosa das pessoas e dos bens
deste mundo, sem excessos ou desperdícios.
O diretor da FAO também louvou
a obra difícil dos missionários, religiosos e comunidades católicas ao lado dos mais
pobres. Analisando a atual situação africana, convidou o continente “martirizado,
desfrutado, espoliado pela escravidão e a colonização a não recuar no retrocesso e
na negação, mas a aprofundar os conceitos de negritude e de africanismo baseados no
apego à terra e na abertura”.
Em relação à crise alimentar, água e agricultura:
Diouf evidenciou que os dados mais recentes da FAO sobre a fome e a subalimentação
são mais preocupantes dos indicados em 1996, quando a cimeira mundial sobre a Alimentação
se comprometeu em reduzir à metade a desnutrição no planeta.
Sobre o território
da África, o diretor ilustrou um quadro realmente pobre: só 7% é irrigado, em vez
dos 38% da Ásia. “É impossível vencer a fome e a pobreza no continente sem aumentar
a produtividade agrícola”. Diouf disse que deve haver um “foco especial nos pequenos
agricultores, mulheres e famílias rurais e o acesso dessas pessoas à terra, água,
utensílios agrícolas e sementes de alta qualidade”
Todavia, o representante
da Organização para a Alimentação e a Agricultura se disse otimista, e afirmou que
“a visão de um mundo livre da fome é possível se existir uma vontade política de alto
nível, e por ser uma tarefa ‘colossal’, requer também o sustento das grandes forças
morais e espirituais: um apoio inestimável” – definiu, ressaltando “o subsídio essencial
da doutrina social da Igreja”. (CM)