2009-10-13 10:32:11

Intervenção do Prof. Alöyse Raymond NDIAYE, Presidente do Comité Nacional dos Cavaleiros da Ordem de Malta no Senegal, Auditor


Prof. Aloyse Raymond NDIAYE, Presidente do Comité Nacional dos Cavaleiros da Ordem de Malta no Senegal, Dakar (SENEGAL)

No documento de trabalho diz-se claramente “que os políticos, homens e mulheres, demonstram uma grave falta de cultura em matéria política”. Isso explica o seu desprezo pelos direitos humanos que violam com indiferença, sem remorsos, com um sentimento de total impunidade. Quanto ao seu relacionamento com a religião e com as instituições religiosas, eles parecem que não as compreendem e que não se interessam por elas a não ser para as instrumentalizar com finalidades exactamente contrárias às espirituais. São incapazes também de conceber que uma controvérsia pode ser resolvida sem o uso da força e da violência.
Léopold Sédar Senghor, poeta e humanista cristão, quando era vivo, havia já expresso a mesma opinião, atribuindo à falta de cultura dos seus irmãos os golpes de Estado, os regimes ditatoriais e sanguinários, a subtracção de dinheiro público, as violações dos direitos humanos na África. A falta de cultura dos dirigentes gera a sua intolerância, o seu despotismo. Se os conflitos na África duram tanto, é certamente porque são geridos pelos políticos, sem cultura e sem coração, preocupados só em salvaguardar os próprios interesses em vez de promover a paz. O que se coloca aqui em evidência é o problema da formação dos nossos governantes que pode ser, de facto, um obstáculo à reconciliação, à justiça e à paz. Daqui deriva o papel da Educação.
A Educação é o sector no qual as Igrejas africanas actuam há muito tempo. O seu empenho, apreciado pelos fiéis e pela população, apesar de qualquer dificuldade, conduziu-os hoje a dotarem-se de uma rede notável de universidades católicas que devem se desenvolver. Pois a universidade é o lugar onde se preparam os futuros dirigentes, e é dela que devemos preocupar-nos.
Em geral a universidade é definida como o lugar de produção e transmissão do saber e do saber fazer. Para responder à sua vocação de universitas, a mesma não deve limitar o seu ensinamento e os seus estudos ao que é útil. Não se deve limitar a desenvolver só comportamentos intelectuais, excluindo aqueles que dão realce à sensibilidade. Como disse Pascal, “existe a razão, e existe o coração”. Essa não deve examinar as ciências separadamente, sem preocupar-se daquilo que as une. A universitas é a exigência de totalidade ou de universalidade, a exigência de unidade. Levar em consideração esta exigência torna a universidade um lugar de cultura.
Toda forma de arte - disse o Senhor - é poesia. A poesia é música. A poesia é amor. Portanto, da parte das universidades católicas, leva-se em conta a arte, as Belas Artes do património cultural e artístico da África, ao mesmo tempo património da humanidade, na sua diversidade e riqueza, contribui para a promoção da cultura e o reconhecimento do homem, incentiva o intercâmbio e o diálogo, fonte de enriquecimento e reconhecimento mútuos. São, de facto, o não conhecimento do outro e a falta de cultura, as causas, em geral, dos nossos conflitos.








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