2009-10-13 10:08:23

Intervenção do Card. Wilfrid Fox NAPIER, Arcebispo de Durban (ÁFRICA DO SUL)


S. Em. R. Card. Wilfrid Fox NAPIER, O.F.M., Arcebispo de Durban (ÁFRICA DO SUL)



É verdade que desde a última sessão do Sínodo para a África de 1994 se verificaram alguns golpes de estado, mas o monstro que usurpa poder contrário à democracia, de fato ainda não desapareceu, mas mudou de aspecto e modus operandi.

Pode ser que não existam mais líderes individuais que tomam o poder absoluto e se proclamem “presidentes para a vida toda”. Mas vemos sempre mais partidos políticos tomarem o seu lugar.

Para citar um exemplo, os seguintes países da África Austral, Botswana, Angola, Zimbábue e Moçambique, desde a libertação foram governados, ou podemos dizer, dominados pelo mesmo partido.

Naturalmente não existe nada de errado nisto, se o eleitorado confere a eles o mandato livremente. Alguns sinais indicam, porém, que não é este o quadro.

- Quando um partido assume todo o mérito de ter obtido a libertação;

- Quando afirma ser o único a saber aquilo que as pessoas desejam ou de que necessitam, mesmo se rejeita perguntá-lo ou eles de ouvi-lo;

- quando obriga com a legislação e impõem políticas que estão claramente contra a vontade manifestada pelas pessoas;

- quando afirma que quem pensa diferentemente é ipso facto um contra-revolucionário ou um racista que se opõe às reformas;

então alguma coisa caminha realmente mal.

De fato, revela que o partido já fez um golpe de estado mesmo se não o chama assim. Para acrescentar o insulto à injúria, o partido se declara pró-pobres, e então o compromisso a elaborar políticas em favor dos pobres até mesmo quando se enriquece vergonhosamente com muita avidez que o coeficiente Ginni do país (a distância entre ricos e pobres) o coloca como primeiro da lista!

O golpe de estado está certamente em andamento quando um partido decide ouvir os próprios aliados ideológicos, ao invés dos pobres e necessitados que representam a maioria de seus eleitores. O golpe de estado se completa quando o partido se identifica tanto com o estado, que o seu presidente pode afirmar tranquilamente: “(o nosso partido) governará até o retorno de Jesus Cristo!” Não supõe talvez que nada, nem mesmo o processo democrático, os possa tirar o poder?

Irmãos e irmãs, líderes sempre mais numerosos estão levando a isto o nosso continente. No processo viram as costas à sua herança religiosa e cultural, onde Deus está particularmente presente. Abraçam ao invés, uma ideologia sem Deus e sem vida, que levou à ruína os pobres em todo lugar onde foi imposta.

É certamente necessário rezar e trabalhar por um milagre que leve a uma libertação autêntica e sustentável, não dos colonizadores, mas desta vez da ditadura de todos os fortes partidos que tomaram o poder com um falso golpe de estado!








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