Intervenção de Dom Evariste NGOYAGOYE, Arcebispo de Bujumbura (BURUNDI)
S. E. R. Dom Evariste NGOYAGOYE, Arcebispo de Bujumbura, Presidente da Conferência
Episcopal (BURUNDI)
Nos três países dos Grandes Lagos, as Conferências episcopais
organizaram-se para se aproximar dos jovens em conflito. Os jovens foram usados e
instrumentalizados durante os conflitos que contrapuseram os seus países. Por isso,
a identidade única e exclusiva foi imposta a quantos eram diversos. Estes últimos
eram considerados inimigos, pois nada tinham em comum «connosco». Não partilhavam
a mesma humanidade, por conseguinte deviam ser eliminados. Tudo o que constituía a
identidade pluralista (religiosa, étnica, civil, social, etc.) era sufocado em vantagem
da identidade única e exclusiva. Muitos estudos na região dos Grandes Lagos, nos Balcãs
e noutros lugares mostraram como a manipulação desta identidade pode ser mortal. A
ideologia construída sobre esta lógica acaba num pecado social, colectivo, estrutural.
Os jovens que nascem, crescem e são educados nesta ideologia são deformados na própria
consciência moral e nas percepções culturais. Faço votos para que a presente assembleia
se dedique aos danos deste pecado de dimensões sociais. As Conferências episcopais
dos Grandes Lagos lutaram contra esta mentalidade decidindo: 1. Aproximar-se dos
jovens, e 2. Tornar acessível e difundir a doutrina social da Igreja. Para aproximar
os jovens foi necessário proceder a pequenos passos, através de movimentos leigos
(Acção católica e movimentos de novas comunidades): inicialmente entre os jovens dos
diversos bairros e colinas, depois entre paróquias diversas, enfim organizando fóruns
diocesanos. No centro desses encontros esteve sempre o conteúdo da doutrina social
da Igreja: os temas da paz, da justiça e da reconciliação foram desenvolvidos sob
forma de catequese e alimentaram a oração e os intercâmbios. Entretanto, a Comissão
episcopal regional Justiça e Paz elaborou alguns módulos para tornar acessível esta
doutrina.