Bom governo, rejeição da violência, abolição da pena de morte, migrações, a situação
da mulher e das crianças, questões debatidas esta segunda feira na Aula do Sinodo
(13/10/2009) Os golpes de Estado "silenciosos" e a exigência de um "bom governo"
foram tema de intervenção nos trabalhos da assembleia especial do sínodo dos bispos
para a África que decorre no Vaticano sobre reconciliação, justiça e paz. Na
presença de Bento XVI os prelados reflectiram também sobre os temas da migração e
sobre as relações com as religiões africanas. E foi reiterado o apelo a favor da abolição
total e universal da pena de morte: os Padres sinodais recordaram que a voz da Igreja
é mais do que nunca necessária diante de crimes como o tratamento brutal dos prisioneiros
de guerra, o assassinato de civis nos conflitos, e o recrutamento de meninos - soldados. Segundo
os Padres sinodais, o caminho da reconciliação passa pela rejeição de tais violências
porque a guerra não é uma justificação para os crimes contra a humanidade. O Sínodo
para a África voltou a sua atenção para a questão das migrações internas, que envolvem
pelo menos 40 milhões de pessoas e fez votos de que todas as Conferências episcopais
africanas criem uma pastoral para a mobilidade humana, envolvendo também quem emigrou
para o exterior, quem encontrou um trabalho e agora pode ajudar o próprio país de
origem. Foi também prestada uma atenção central às religiões tradicionais africanas,
que constituem a matriz para forjar uma cultura de reconciliação. Em seguida, os
Padres sinodais fizeram algumas sugestões: instituir um fundo de solidariedade diocesano,
regional e continental, administrado pela Caritas, que ajude a África desvinculando-a
das ajudas do Ocidente; criar faculdades universitárias para a paz e a reconciliação;
promover a devoção à Divina Misericórdia que pode favorecer o diálogo com o Islão. Além
disso , os prelados pedem uma reflexão atenta para o fenómeno dramático da feitiçaria,
que mantém muitas pessoas discriminadas, isoladas, vítimas de violências porque acusadas
de poderes sobrenaturais. Os prelados pedem também atenção pelos jovens de modo
que, através de uma maior difusão da Doutrina Social da Igreja, aprendam a trabalhar
pela paz. Além disso, pedem que o Sacramento da Reconciliação ocupe m lugar mais
importante nos planos pastorais. Foi enfrentada também a questão da situação das
mulheres e das crianças: para as mulheres pede-se um maior envolvimento nas Comissões
Justiça e Paz; para as crianças, sobretudo para as crianças órfãs vítimas da guerra,
foi manifestado o desejo de um sempre maior acolhimento em todas as estruturas eclesiásticas,
porque muitas vezes essas crianças têm somente a Igreja para chamar "Mãe". Os
Padres sinodais olham para a frente e sugeriram que esta Assembleia especial para
a África se concentre na formação dos padres porque o futuro desse continente depende
também deles . Na conclusão dos trabalhos foi reiterado, na Sala do Sínodo, o apelo
em favor da abolição total da pena de morte.