A riqueza de África está nos seus habitantes, salientou no Sínodo o bispo moçambicano
de Pemba: auditores moçambicanos e angolanos descreveram papel da Igreja na reconciliação
e chamaram a atenção para emigrantes chineses
(13/10/2009) A maior riqueza de África são os seus habitantes, sobretudo a juventude
e as crianças, afirmou o bispo de Pemba (Moçambique), sublinhando que o continente
tem a população mais jovem do mundo. D. Ernesto Maguengue mostrou-se preocupado com
as situações que afectam os mais novos – violência, prostituição, tráfico e consumo
de drogas, crime organizado, conflitos étnicos e tribais, fundamentalismo religioso
e participação nas seitas satânicas. Diante desta realidade, o prelado sugeriu
que o Sínodo transmita “uma mensagem de confiança e alento aos jovens, adolescentes
e crianças”, denuncie “a manipulação e violação dos direitos dos mais novos”, proceda
a um “estudo sério sobre a juventude africana” e “reveja os conteúdos e métodos da
catequese”. A presença significativa de trabalhadores chineses em África foi um
dos assuntos destacados pelo Pe. Zeferino Martins, pertencente à província angolana
da Sociedade do Verbo Divino. Para a China, tratam-se de trabalhadores que “aumentarão
a sua hegemonia no panorama económico mundial”; mas para os países que os recebem,
“não são mais que mão-de-obra necessária para uma rápida reconstrução das infra-estruturas
destruídas durante a guerra”, referiu o religioso. O Pe. Zeferino sugeriu que se elabore
um programa para a aproximação da mensagem cristã aos trabalhadores chineses, “e não
apenas nos países africanos”. O secretário-geral da Comissão Episcopal Justiça
e Paz de Moçambique, Ermelindo Monteiro, descreveu a acção da Igreja no país após
o fim da guerra civil: consciencializou as pessoas para o perdão e reconciliação,
promoveu a educação do povo para a paz através de pronunciamentos públicos dos bispos,
organizou encontros ao mais alto nível eclesial com as autoridades governamentais
e os responsáveis da Resistência Nacional, formou mais de dois mil “Animadores da
Reconciliação” e promoveu orações pela paz dirigidas aos católicos e membros de outras
Igrejas cristãs e confissões religiosas. O responsável considerou que é preciso
estar atento às atitudes da Igreja que possam constituir um contra-testemunho de apaziguamento
e de justiça. Por outro lado, é necessário que o episcopado do continente potencie
“mais e melhor” as comissões de Justiça e Paz. Dirigindo-se aos prelados presentes
na assembleia, Ermelindo Monteiro pediu-lhes que persistam no anúncio da verdade e
na denúncia de tudo o que possa ferir a reconciliação em África, porque “o vosso empenho
abnegado é um exemplo que se vai multiplicar em cada um dos fiéis que vos foram confiados”.