Os desafios da solidariedade para a Igreja em Portugal, segundo o Presidente da Comissão
Episcopal de Pastoral Social
(11/10/2009) O momento político que Portugal vive exige a solidariedade entre forças
partidárias que ofereçam condições de governabilidade ao País. Diante de “dificuldades
graves” que Portugal atravessa, é necessário encontrar soluções “com bastante sustentabilidade
e que tenham resistência perante as forças de interesses que não deixarão de vir a
terreno”. Para D. Carlos Azevedo, a governabilidade exige a responsabilidade de
cada um”. E em “épocas de muitas dificuldades são épocas de demagogia, de populismo,
épocas em que facilmente se criam movimentos que não constroem, mas dividem as pessoas”. A
análise do Presidente da Comissão de Pastoral Social foi assim formulada à Agência
ECCLESIA no âmbito da realização dos “Dias Sociais para a Europa”, realizadas esta
semana em Gdansk, na Polónia. Num encontro onde se procuram identificar os desafios
da solidariedade para a Europa, D. Carlos Azevedo afirma a necessidade de os partidos
não estarem “à volta de si próprios”, mas a resolver os problemas do País. Para Portugal,
é igualmente um desafio a motivação de todos os cidadãos para a construção do bem
comum. “Eu acho que o fundamental neste momento é uma pedagogia da responsabilidade”.
D. Carlos Azevedo defende que, neste momento, é fundamental insistir na certeza de
que “todos somos responsáveis para que as soluções sejam encontradas”. E cada um ao
seu nível: “a igreja tem a sua missão e deve manter a sua identidade e a das suas
instituições; o Estado tem as suas e delas não se pode demitir; e cada pessoa, cada
cidadão tem as suas responsabilidades”. Inovação e dinamização social Será
sobre a responsabilidade de todos os cidadãos na construção do bem comum que insistirá
o próximo encontro das semanas sociais (20 a 22 de Novembro, em Aveiro). Ele
insere-se num conjunto de actividades dinamizadas pela Comissão Episcopal da Pastoral
Social ao longo deste ano, “com gente nova que está muito implicada no terreno”, e
onde se insere a participação no encontro promovido pela COMECE, em Gdansk. Tudo isto
é motivo de “esperança para que em Portugal se possa criar uma pastoral social mais
viva do que a que já existe, sobretudo capaz de gerir inovações que nos tragam um
futuro melhor”. O debate dos problemas sociais, das causas de pobreza e a assistência
a quem precisa são dois elementos deste sector da acção da Igreja Católica em Portugal.
“Não podemos ficar a filosofar sobre os problemas enquanto as populações passam fome.
Temos de lhe matar a fome e, ao mesmo tempo, encontrar soluções que ajudem as pessoas
a sair da pobreza, dando voz aos pobres, para que eles possam encontrar soluções para
os seus próprios problemas”. D. Carlos Azevedo afirmou, assim, a oportunidade do
Rendimento Social de Inserção, que tem feito de Portugal “um caso à parte” no debate
sobre os indicadores sociais na Europa. “O Rendimento Social de Inserção e outras
formas de ajuda fizeram com que, em Portugal, não se chegasse a um nível de pobreza
tão grave como noutros países e a um nível de desequilíbrio como outros tiveram”,
recordou. Para o Presidente da Comissão de Pastoral Social, interessa aprofundar
a caridade. “Só poderemos resolver as situações com muito amor, isto é com muita caridade”.
“Em vez de uma caridade superficial é preciso aprofundar e radicar mais a caridade”,
sustentou. Em entrevista ao correspondente da Rádio Vaticano em Portugal. Domingos
Pinto, D.Carlos Azevedo diz que são precisas medidas mais fortes para combater a crise
no Velho Continente .