2009-10-11 12:26:07

Bento XVI canonizou cinco novos Santos salientando que o Evangelho nos propõe um salto de qualidade e convidando a abrir os olhos para as lepras que desfiguram o rosto da humanidade


(11/10/2009) Na manhã deste Domingo Bento XVI presidiu na Basílica de São Pedro à canonização de cinco novos Santos, entre os quais o padre Damião de Veuster, conhecido como apóstolo dos leprosos e a religiosa francesa Maria da Cruz Jugan, fundadora da Congregação das Irmãzinhas dos Pobres.
Os outros novos Santos são o espanhol Francisco Coll y Guitart, sacerdote Dominicano, fundador da Congregação das Dominicanas da Anunciação da Bem-aventurada Virgem Maria; o polaco Zygmunt Szczesny Felinski, Arcebispo, fundador da Congregação das Religiosas Franciscanas da Família de Maria; e o espanhol Rafael Arnáiz Baron, monge da Ordem Cisterciense da Estrita Observância (Trapista), que faleceu aos 27 anos, vítima de um coma diabético. É considerado um dos grandes místicos do século XX.
“Jesus convida os seus discípulos ao dom total da sua vida, sem cálculos nem recompensas humanas, com total confiança em Deus. Os santos acolhem este exigente convite e colocam-se com humilde docilidade no seguimento de Cristo crucificado e ressuscitado. A sua perfeição… consiste em já não pôr no centro a si próprios, mas em escolher ir contra-corrente vivendo segundo o Evangelho”.

Evocando depois, nas respectivas línguas, o perfil de vida de cada um dos novos Santos, Bento XVI começou, em polaco, por São Segismundo Felinski, arcebispo de Varsóvia, fundador das Franciscanas da Família de Maria, “grande testemunha da fé e da caridade pastoral em tempos muito difíceis para a nação e para a Igreja na Polónia”. “Por ordem do Czar russo, passou vinte anos exilado… e nunca mais pôde regressar à sua diocese. Em todas as situações manteve inabalável a sua confiança na divina Providência”.

Seguiu-se, em espanhol, a referência a São Francisco Coll, dominicano, da Catalunha, fundador das Irmãs Dominicanas da Anunciada. “A sua paixão – sublinhou o Papa - era a pregação, em grande parte de maneira itinerante e seguindo a forma de “missões populares”, para ajudar as pessoas a um profundo encontro com Deus”.

“Francisco Coll tocava o coração dos outros porque transmitia o que ele próprio vivia com paixão no seu interior, o que ardia no seu coração: o amor de Cristo, a sua entrega a Ele”.

Bento XVI prosseguiu a sua homilia em flamengo, para evocar o Padre Damião, da Congregação dos Sagrados Corações de Jesus e de Maria, o qual, com 23 anos apenas, deixou a sua Flandres natal partindo como missionários para as Ilhas Hawai, em pleno Pacífico.

“Não sem receio e repugnância – recordou o Papa – fez a escolha de ir para a Ilha de Molokai, ao serviço dos leprosos que aí se encontravam, abandonados de todos. Assim se expôs à doença de que eles sofriam… O servidor da Palavra tornou-se assim um servo sofredor, leproso com os leprosos, durante os últimos quatro anos da sua vida”.
Bento XVI concluiu em francês esta evocação deste novo santo belga:

“Seguindo os passos de São Paulo, São Damião, leva-nos a escolher os bons combates, não os que levam à divisão, mas os que reúnem. Convida-nos a abrir os olhos sobre as lepras que desfiguram a humanidade dos nossos irmãos e ainda hoje chamam, mais do que a nossa generosidade, a caridade da nossa presença de servidores”.

Foi de novo em espanhol que o Papa prosseguiu, evocando o jovem oblato trapista Rafael Baron, falecido, com vinte e sete apenas, em 1938:

“O Irmão Rafael, ainda perto de nós, continua a oferecer com o seu exemplo e as suas obras um percurso atraente, especialmente para os jovens que não se conformam com pouco, aspirando à plena verdade, à mais indizível alegria, que se alcançam pelo amor de Deus. Vida de amor… Eis a única razão de viver – dizia o novo Santo.”

Finalmente, em francês, uma referência a Jeanne Jugan, Santa Maria da Cruz, e à sua admirável obra ao serviço das pessoas idosas mais desfavorecidas, dando origem à congregação das Irmãzinhas dos Pobres. Joana Jugan – sublinhou o Papa – sentiu a “preocupação pela dignidade dos seus irmãos e irmãs em humanidade que a idade torna vulneráveis, reconhecendo neles a própria pessoa de Jesus”.

“Este olhar de compaixão para com as pessoas idosas, brotando da sua profunda comunhão com Deus, Joana Jugan levou-o através o seu serviço feliz e desinteressado, exercido com doçura e humildade de coração, sentindo-se ela mesma pobre entre os pobres. Joana viveu o mistério de amor, aceitando em paz a obscuridade e o despojamento até à morte”.

Um carisma que continua bem actual – observou Bento XVI, que concluiu fazendo votos de que Santa Joana Jugan “seja para as pessoas idosas fonte viva de esperança, e para os que se colocam generosamente ao seu serviço, um poderoso estímulo”.










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