Santa Sé pede empenho da comunidade internacional para um mundo livre das armas e
da droga
(10/10/2009) Também num ano de crise económica como foi 2008, as despesas militares
aumentaram 4%: é a denuncia do arcebispo Celestino Migliore que, intervindo esta quinta
feira na 64ª assembleia geral da ONU em Nova Iorque exortou a comunidade internacional
a responder ás expectativas de todos os povos para um mundo finalmente sem armas. Sempre
nesta quinta feira o observador permanente da Santa Sé junto das Nações Unidas proferiu
um discurso no Palácio de Vidro sobre a prevenção, redução e supressão do uso ilícito
da droga. A sociedade civil, as organizações humanitárias e sobretudo todos aqueles
que sofrem por causa dos conflitos armados esperam ver um mundo livre de armamentos
nucleares e no qual o comercio das armas seja estreitamente controlado: é o vibrante
apelo lançado pelo arcebispo Celestino Migliore na reunião do primeiro comité da assembleia
geral da ONU sobre o desarmamento e a segurança internacional. Todos os povos, acrescentou,
querem ver um mundo no qual a educação, alimento, saúde e água sejam mais acessíveis
do que as armas ilícitas. O observador permanente da Santa Sé nas Nações Unidas
indicou no multilateralismo o instrumento idóneo para reduzir as despesas militares
e promover o desarmamento em vista de uma segurança progressivamente desmilitarizada. A
este propósito manifestou apreço pelo recente Conselho de Segurança sobre o desarmamento
e a não proliferação nuclear, efectuado a 24 de Setembro passado. E acolheu positivamente
o novo clima politico promovido pelos principais protagonistas do desarmamento, citando
em particular a adopção de uma nova Convenção sobre as armas de fragmentação. Ao mesmo
tempo, porém recordou que passados 13 anos o Tratado para banir os ensaios nucleares
ainda não entrou em vigor, e lamentou que alguns protagonistas internacionais decidiram
não aprovar os instrumentos para banir as minas anti-pessoais. Finalmente reafirmou
a posição da Santa Sé a favor de um Tratado sobre o comercio das armas. Estas não
podem ser consideradas como qualquer outra mercadoria trocada nos mercados regionais
e nacionais. E concluiu: a armazenagem excessiva e o comercio indiscriminado de armas
não poder ser moralmente justificado de maneira nenhuma. O arcebispo Celestino
Migliore interveio também quinta feira na terceira comissão da Assembleia geral da
ONU sobre o controlo internacional da droga. O prelado sublinhou antes de mais
que a droga continua a ser um obstáculo ao desenvolvimento económico, politico e social
dos indivíduos e das nações. Foi assim que afirmou que a Santa Sé pede á comunidade
internacional que proteja a saúde e a dignidade das pessoas, prevenindo o uso perigoso
de drogas e aliviando o sofrimento de quem é tóxico dependente. D. Migliore salientou
que precisamente as populações mais pobres são as mais vulneráveis aos efeitos devastadores
do comercio de droga. Por isso manifestou o apoio àqueles programas que fornecem ás
famílias de agricultores alternativas validas ao cultivo de coca e papoila. A todos
os níveis, disse, são necessários maiores esforços no sentido de evidenciar a relação
causal entre crescimento do desenvolvimento e desenraizamento do comercio ilícito
de droga. O representante da Santa Sé na ONU deteve-se depois sobre a importância
da família como pedra angular para combater a droga. É no ambiente familiar que as
crianças podem aprender como evitar a droga e as suas consequências devastadoras. D.
Celestino Migliore quis ainda salientar que o trafico de droga está muitas vezes ligado
a outros males como a proliferação de armas ligeiras, o crime organizado, o terrorismo
e o trafico de pessoas. Aqueles que são vitimas da droga precisam do apoio da família
e da sociedade - mas aqueles que venceram esta batalha contra a droga podem ser modelos
positivos e tornar-se embaixadores de esperança.