Intervenção do Rev. Francesco BARTOLONI, Moderador-Geral dos Missionários do Precioso
Sangue
Rev. Francesco BARTOLONI, C.PP.S., Moderador-Geral dos Missionários do Precioso Sangue
(UNIÃO DOS SUPERIORES GERAIS)
A Igreja africana vê que a reconciliação é primeiramente
a obra de Deus em Cristo. Neste sentido a reconciliação é mais uma espiritualidade
do que uma estratégia, mas deve ser uma espiritualidade que leve os membros da Família
de Deus na África a tornarem-se embaixadores de Cristo (2Cor 5,20) capazes de criar
um espaço para a verdade, a justiça, a salvação e o nascimento de uma nova criação
(2Cor 5,17). Essa é a espiritualidade que guia também a Igreja que, como embaixadora
de Cristo, deve comprometer-se no diálogo com a espiritualidade dos povos que professam
o Islã e as religiões africanas tradicionais. Mas a África não é somente um lugar
de sofrimento e exploração; é também um continente onde muitos de seus países estão
experimentando um rápido desenvolvimento social e económico. A Igreja tem uma importante
oportunidade para encorajar e guiar este desenvolvimento através da formação de uma
liderança boa e honesta que trabalha para a felicidade e para o crescimento social
de toda a população de seu país sem distinção de raça, religião e status social. Devemos
encorajar o povo africano a reconhecer e aceitar que ele tem, com a ajuda de Deus,
a habilidade de criar seu próprio futuro. Aqui a Igreja tem a oportunidade de perorar
a importância incessante das dimensões espirituais da cultura, que por muito tempo
estiveram no centro da cultura africana. A Igreja africana deve dar testemunho
da reconciliação ocorrida através de Cristo e do seu ministério de reconciliação.
Podemos fazer isso, ante de tudo, testemunhando que vivemos como uma comunidade de
fé reconciliada. Não pode haver autêntica proclamação de reconciliação sem esse primeiro
passo (53). O caminho para a reconciliação na África tem início com o reconhecimento
da nossa necessidade de sermos reconciliados como Igreja. O Corpo de Cristo, que é
a Igreja africana, deve estar unida no amor de Cristo. Devemos ser modelo de unidade
no qual todos os membros do corpo estão dispostos a compartilhar o sofrimento de um
desses, justamente como partilhamos a alegria um do outro (1Cor 14,26). Neste sentido,
manifestamos o poder unificador das águas do baptismo e do Precioso Sangue de Cristo
e podemo convidar todos a participar no mistério de redenção de Cristo.