Intervenção de Dom Claudio Maria CELLI, Arcebispo titular de Civitanova, Presidente
do Conselho Pontificio para as Comunicações Sociais
S. E. R. Dom Claudio Maria CELLI, Arcebispo titular de Civitanova, Presidente do
Conselho Pontificio para as Comunicações Sociais (CIDADE DO VATICANO)
A mensagem
final da Primeira Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos, acontecida
em 1994, sublinhava os desafios da comunicação para a Igreja-Família de Deus na África
acenando à necessidade de ser criativa no primeiro areópago do tempo moderno: “Enquanto
formos somente consumidores neste setor, corremos o risco de mudar a cultura sem querer,
ou mesmo sem saber.”
A exortação “Ecclesia in Africa” dedicou 11 artigos aos
mídia e à comunicação social e fez deles um dos 5 pilares para a edificação da “Igreja
- Família de Deus”. Depois do primeiro sínodo foram criadas faculdades de comunicação
social no seio das universidades católicas, emissoras radiofónicas e televisivas.
Hoje estão operando pelo menos 163 rádios espalhadas em 32 países (antes de 1994 eram
apenas 15) que são geridas e animadas por dioceses, congregações e organizações católicas.
Algumas dioceses possuem um site na Internet; inumeráveis são as publicações no âmbito
regional, diocesano ou paroquial. Em Agosto de 1999 o CEPACS publicou um plano
pastoral continental intitulado “Para uma igreja comunicativa” onde foram incorporadas
as recomendações da “Ecclesia in Africa”. Não há dúvida que existem “evoluções
positivas” mas o “Instrumentum laboris” confirma que não se deu muito seguimento às
decisões tomadas. Até agora, muitos não sabem nada do plano pastoral do CEPACS publicado
em 1999. Sem coordenação e planificação a comunicação (EIA nº 126) não pode ser eficaz:
é necessário, portanto, estabelecer estratégias e planos pastorais regionais e nacionais,
inimagináveis, porém, sem a presença de recursos humanos competentes. Parece oportuno
apoiar também as associações dos comunicadores católicos, “fornecendo uma saudável
formação humana, religiosa e espiritual”. Penso na UCAP (União católica africana de
imprensa) o ramo continental da UCIP. As recentes tecnologias da informação dão
lugar a uma nova cultura a que chamamos digital. É verdade que no grande contexto
africano tal cultura é ainda pouco relevante mas os dados recentes demonstram que
o crescimento é surpreendentemente rápido. Tudo isto coloca um desafio pastoral à
Igreja na África: como dialogar, como estar presente, como evangelizar tal cultura? É
bom, por fim, sublinhar também a exigência de dar vida o mais depressa possível a
uma agência de notícias continental para a Igreja na África. No passado mês de
Abril, o nosso Pontifício Conselho das Comunicações Sociais, em colaboração com a
AMECEA, organizou um seminário de estudo, para cerca de 80 jovens, sobre o tema da
comunicação a serviço da justiça, da paz e da reconciliação. Esta primeira iniciativa
responde à exigência de promover em todos os âmbitos a formação. O desafio ao qual
me referia não se resolve só com instrumentos tecnológicos cada vez mais sofisticados
mas, sobretudo, com pessoas formadas especialmente no setor da comunicação. Por este
motivo o Pontifício Conselho está disponível para colaborar com as várias Conferências
Episcopais fornecendo bolsas de estudo para favorecer a formação de sacerdotes e religiosos.