SÍNODO PARA A ÁFRICA: MAIOR ESPAÇO PARA A MULHER NA EVANGELIZAÇÃO
Cidade do Vaticano, 9 out (RV) - Os trabalhos do II Sínodo dos Bispos para
a África, em andamento no Vaticano – sobre os temas da reconciliação, justiça e paz
– prosseguiram, nesta sexta-feira, densos de reflexões.
Esta manhã, na presença
de Bento XVI, os Padres sinodais concentraram a sua atenção sobre a importância da
educação, a necessidade da paz na Região dos Grandes Lagos e sobre o Ano Sacerdotal.
Na conclusão da Congregação da manhã foi dado espaço a alguns auditores.
A
esse propósito, ressaltamos o testemunho de uma auditora, uma irmã que sobreviveu
ao massacre verificado em Ruanda em 1994: ela perdoou seus agressores e hoje promove
a reconciliação nas prisões do país. Diante da prova concreta de que a paz é possível
também nos contextos mais atrozes, as suas palavras ecoaram com força na Sala Nova
do Sínodo.
Ademais, foram muitas as reflexões feitas durante os trabalhos de
hoje e foram muitas também as sugestões apresentadas pelos Padres sinodais.
Em
primeiro lugar, o tema da educação: os bispos fazem votos de um sistema de administração
escolar que garanta a liberdade da Igreja par uma formação de qualidade dos jovens,
solicitando, portanto, uma cooperação direta entre a Unesco – Organização das Nações
Unidas para a Educação, Ciência e Cultura – e as instituições eclesiásticas.
O
Sínodo expressou também o desejo da criação, na África, de um Instituto superior católico,
especializado no ensino social, a partir da Doutrina Social da Igreja.
Na reflexão
dos Padres sinodais foi dado espaço também para a comunicação e a informação. Ressaltou-se
a necessidade da criação de uma agência de imprensa continental para a Igreja na África,
continente no qual existem ao menos 163 emissoras de rádio espalhadas em 32 países,
administradas por dioceses e organizações.
Depois, os prelados se detiveram
sobre o significado do Ano Sacerdotal, convocado pelo Santo Padre para celebrar os
150 anos da morte do Santo Cura d'Ars, modelo daquela fidelidade a Cristo que ajuda
a iluminar possíveis áreas sombrias presentes em comunidades eclesiais.
Além
disso, os bispos refletiram sobre os problemas relativos ao aborto que, na linguagem
definida como "desconcertante" de organizações internacionais, é erroneamente associado
à saúde reprodutiva.
Foi também central nos trabalhos de hoje o tema do diálogo
inter-religioso com a proposta, lançada na Sala do Sínodo, de inserir alguns especialistas
nas Comissões Justiça e Paz.
Outra sugestão aplaudida foi a de convocar proximamente
uma Conferência Internacional sobre a paz e a reconciliação na Região dos Grandes
Lagos.
Depois foi dado espaço ao tema das mulheres: "O que seria da Igreja
sem elas?" – foi perguntado. As mulheres, que dão a vida e jamais abandonam seus filhos,
desejam um maior envolvimento na evangelização.
Em seguida, a palavra passou
a um dos delegados irmãos: o arcebispo da província da Igreja Anglicana em Burundi,
Bernhard Ntahoturi, que ressaltou a importância do ecumenismo para revelar ao mundo
o Deus do amor e da vida.
A África é o continente das oportunidades, continuou
o referido delegado anglicano, e a Igreja deve ser caracterizada pela fraternidade,
para libertar o país de seus males.
Ontem à tarde, por sua vez, o Sínodo voltou
seu olhar para aquelas mulheres africanas que são obrigadas à poligamia e, portanto,
se encontram distante dos sacramentos. Foi pedido que se reflita de modo aprofundado
sobre essa situação, de modo que tais mulheres possam desfrutar da misericórdia de
Deus.
Ainda na Sala do Sínodo foi ressaltado que a Igreja não se esquece dos
doentes de Aids, aliás, os ajuda e os apóia, também mediante algumas agências há décadas
presentes na África.
Os resultados obtidos até então são muitos, graças também
à ajuda dos remédios antirretrovirais que, porém, ressaltaram os bispos, permanecem
ainda inacessíveis aos mais pobres.
Foi também dado amplo espaço à questão
do desafio apresentado à Igreja africana pela difusão, entre os jovens, dos grupos
neopentecostais. (RL)