2009-10-08 12:53:27

Intervenção de Dom Jean-Bosco NTEP, Bispo de Edéa (CAMARÕES)


S. E. R. Dom Jean-Bosco NTEP, Bispo de Edéa (CAMARÕES)



Na sua mensagem por ocasião do Dia Mundial da Paz de 2004, o Papa João Paulo II, de saudosa memória, afirmou que a verdadeira paz não é possível se não se baseia no perdão e na reconciliação. É uma confirmação da impotência das negociações e das armas.

Desde o início da democratização na África, os governantes se dirigem à Igreja para que ela os acompanhe. Este apelo conferiu-lhe uma nova missão, que levou os Padres do I Sinodo Especial para a África afirmarem: “a educação em vista do bem comum e do respeito do pluralismo será uma das tarefas pastorais prioritárias dos nossos tempos” (nuntis n. 34?). Sabemos que o Papa João Paulo II rejeitava improvisações em uma responsabilidade tão séria.

Ao falar das “novas perspectivas da reconciliação”, queremos dar repercussão a este apelo do Santo Padre e conceber a reconciliação como um modo de ser e de viver, ou seja, construir uma vida plena de atenções, de ternura e de amizade. Isto implica um modo de viver com o próximo, com Deus, consigo mesmo e também com a natureza. A reconciliação deveria manifestar-se em todos os aspectos da nossa vida social e religiosa, e tornar-se um testemunho do amor.

A reconciliação, como foi organizada em alguns países africanos, não produziu os frutos esperados. Não cancelou os ressentimentos e nem o medo. Não recolheu muitas adesões dos corações. Na realidade, não se deve limitá-la aos contextos sociais e públicos; é antes de tudo um processo pessoal. A Igreja, mais do que os políticos, tem a vantagem de falar aos corações dos indivíduos. Ela deve-se dirigir directamente às consciências individuais, à capacidade de reflexão e de decisão de cada pessoa, para optar pela reconciliação como fundamento da paz e assim, como garantia de uma ordem social crível. O indivíduo, cristão, será conduzido à necessidade indispensável da conversão pessoal, da reconciliação e da paz, como base de uma vida eclesial.

A nova perspectiva da reconciliação que nós esperamos apela à cultura. É preciso instaurar na Igreja uma cultura da reconciliação, caminho necessário e sobretudo indispensável para a paz.








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