Justiça e perdão na intervenção no Sinodo, do Bispo de Uije, D. Emílio Sumbelelo
(7/10/2009) o nosso contexto angolano, a justiça deve caminhar de mãos dadas com
o perdão. Sem perdão, não pode haver reconciliação e consequentemente a Paz, porquanto
desenvolvimento de qualquer povo ou Nação fica indefinidamente adiado, quando faltam
mecanismos de perdão. Nos últimos 30 anos, uma boa parte dos Países Africanos,
e Angola não foge à regra, sofreu profundas modificações. As imensas e múltiplas convulsões
populacionais, relacionadas com a guerra, transformaram a sociedade Africana. Presentemente
mais de metade da população vive em zonas urbanas. Uma das primeiras consequências:
a da sua identidade étnico-tribal; povos de diferentes origens e respaldos sociais,
que agora vivem juntos num mesmo meio urbano, dando origem a uma fusão cultural. Segunda
consequência: conflitos inter-étnicos, gerados pelas condições de mal-estar económico
e grande desigualdade social. O verdadeiro perdão deve incluir a busca da verdade.
Faz parte dessa verdade o reconhecer o mal feito e, se possível, repará-lo. Com efeito,
o perdão não elimina nem diminui a exigência da reparação, que é própria da justiça,
mas que pretende reintegrar as pessoas e os grupos na sociedade. Passos concretos:
1. através das CJP, Pro Pace, promover oportunas investigações, a propósito das prevaricações
de grupos étnicos ou de injustiças, para acertar a verdade como primeiro passo para
a reconciliação. 2. Apostar na "reconstrução humana", que passa pela modificação do
comportamento da personalidade que foi mal construída, e/ou sofreu algum abalo nas
suas estruturas, e/ou nas estruturas da sua sociedade. A "reconstrução humana" é,
portanto, um trabalho que se espera da Igreja, a fim de que o "indivíduo destruído"
volte a torna-se pessoa e aceitar-se a si mesmo e fazer com que ele aprenda a criar
novos impulsos, e que estes se transformem em capacidade de aceitar os outros.