2009-10-07 15:14:18

Intervenção de Dom François Xavier MAROY RUSENGO, Arcebispo de Bukavu (RDCONGO)


S. E. R. Dom François Xavier MAROY RUSENGO, Arcebispo de Bukavu (REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO)



Ao iniciar pelos danos provocados pelas guerras e pelas violências na parte oriental do nosso país, a República Democrática do Congo, e em particular na nossa Arquidiocese de Bukavu, acreditamos que a reconciliação já não possa limitar-se simplesmente a harmonizar as relações interpessoais. Ela inevitavelmente deve considerar as causas profundas da crise das relações que se põem a nível dos interesses e dos recursos naturais do país, a ser explorados e administrados na transparência e rectidão, em vantagem de todos. Porque as causas das violências na parte oriental da República Democrática do Congo são essencialmente os recursos naturais.

Com esta finalidade, recordamos o trabalho que a comissão «justiça e paz» está a desempenhar na Arquidiocese de Bukavu a fim de que a reconciliação se realize através da reconstrução comunitária.

O objectivo é ajudar as pessoas a reconciliarem-se entre si e com a própria história e a empenhar-se para juntas construir um novo futuro.

Uma atenção muito especial é dedicada aos jovens. Para eles, propomos actividades recreativas e culturais capazes de favorecer a reconciliação a seu nível, graças ao envolvimento de todos e de cada um deles na reconstrução do próprio ambiente.

Este tipo de abordagem deve ser entendido como resposta aos traumatismos comunitários frequentemente esquecidos, com a finalidade de tornar as pessoas responsáveis e protagonistas de uma mudança positiva. É necessário que a educação básica seja incrementada e as populações se organizem em vista de uma maior responsabilidade comunitária. Isto requer também a actuação dos espaços e dos quadros de intercâmbio e de diálogo para uma efectiva participação da população na gestão das riquezas que devem contribuir para a reconstrução, o desenvolvimento, a reconciliação e uma coabitação pacífica.

Enquanto fazemos pronunciamentos nessas sessões, os agentes pastorais na nossa arquidiocese são atacados pelos inimigos da paz. Uma das paróquias da nossa arquidiocese foi incendiada sexta-feira 2 de Outubro último, os sacerdotes foram maltratados, outros pegos como reféns por homens uniformizados que pretenderam um elevado resgate. Fomos obrigados a pagar para poupar a vida dos nossos sacerdotes que os sequestradores ameaçavam massacrar. Com estas acções, querem reduzir ao silêncio a Igreja, que permaneceu o único apoio de um povo aterrorizado, humilhado, explorado, dominado. Senhor, seja feita a tua vontade, venha o teu reino de paz (cf. Mt 10, 7).








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