2009-10-07 15:21:52

Intervenção de Dom Antoine NTALOU, Arcebispo de Garoua (CAMARÕES)


S. E. R. Dom Antoine NTALOU, Arcebispo de Garoua (CAMARÕES)



Nos Camarões, como em diversos outros países africanos, observa-se que muitos cidadãos com cargos de responsabilidade se professam filhos da Mãe Igreja; podemos encontrá-los practicamente em todos os setores da vida da sociedade, como nas áreas da saúde e da educação, da política, da economia, da cultura, da vida associativa, etc.; também não é dificil encontrar pessoas que sejam orgulhosas daquilo que receberam da Igreja na sua infância ou juventude. Mas muitas vezes temos também a amarga experiência da diferença, que não deve ser menosprezada, existente entre a organização da vida social e as exigências da mensagem evangélica.

Nos encontramos diante de um problema muito sério, do qual é preciso individuar a causa principal para encontrar uma solução. Da parte minha, creio que a idade das nossas igrejas na África ajuda a situações às quais me refiro e algumas carências na organização da pastoral na maior parte das nossas dioceses explicam isso. Trata-se de uma formação doutrinal insuficiente dos cristãos que hoje assumem cargos de responsabilidade dentro das estruturas dos nossos países. Para a maior parte deles, portanto, a única bagagem doutrinal é a que receberam no momento da preparação aos sacramentos da iniciação. Por isso, não devemos nos surpreender se muitas vezes, no diálogo social, eles não tenham muito a oferecer lá onde ao invés outros grupos de interesse ou de pressão são dotados de armas potentes para a luta ideológica; os nossos fiéis não têm outra coisa a oferecer a não ser a sua boa vontade.

Portanto, é mais do que urgente assegurar uma formação cristã sólida aos filhos e às filhas da nossa Igreja que se empenham na política, na economia e nos demais setores centrais da vida dos nossos países africanos. O programa de tal formação, entre outras matérias deverá deixar amplo espaço à doutrina social da Igreja, à Bíblia, à teologia, à moral e à história da Igreja. Sobretudo, dever-se-á procura formar a consciência das nossas elites. Graças a Deus, já surgiram algumas iniciativas positivas em alguns lugares do continente (escolas de teologia) e está começando a formar-se um laicado consciente das suas responsabilidades num mundo que deve ser transformado a partir de dentro. Actualmente, essas experiências são ainda muito limitadas para que o impacto do fermento evangélico seja percebido de modo claro nos reflexos e nos comportamentos de indivíduos e grupos. Mas a direção tomada é a direção justa.








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