2009-10-06 18:01:11

SÍNODO DOS BISPOS PARA A ÁFRICA: A SITUAÇÃO DA IGREJA NA ETIÓPIA


Cidade do Vaticano, 06 out (RV) - Os sofrimentos, bem como as esperanças da Igreja na Etiópia foram os protagonistas, esta manhã, da 3ª Congregação geral do Sínodo dos Bispos para a África, em andamento no Vaticano e que tem como tema a reconciliação, a justiça e a paz.

Os trabalhos desta terça-feira foram iniciados com o pronunciamento do patriarca da Igreja Ortodoxa da Etiópia, Abuna Paulos, ao qual se seguiu a saudação do papa. Entre outros temas tratados destaca-se a atividade da Igreja na África no campo da educação e do diálogo com o Islã.

Uma presença que testemunha de modo eloqüente a antiguidade e a tradição da Igreja na África. Assim se expressou o Santo Padre ao saudar o patriarca Abuna Paulos, recordando que a Igreja Etíope continua testemunhando o Evangelho e a obediência à sua lei do amor, apesar das perseguições e do sacrifício dos mártires. Em seguida, Bento XVI acrescentou:

"A proclamação do Evangelho não pode ser separada do compromisso a construir uma sociedade conforme a vontade de Deus e que proteja a dignidade e a inocência das crianças."

"Em Cristo sabemos que a reconciliação é possível, a justiça pode prevalecer, a paz pode ser duradoura" – acrescentou o papa. Daí, o auspício de Bento XVI de que se trabalhe pelo desenvolvimento integral da população africana, reforçando as famílias – baluarte da sociedade – educando os jovens e contribuindo para a construção de sociedades honestas, íntegras e solidárias.

Precedentemente, o Patriarca Abuna Paulos recordou as chagas da África, marcada pela exploração, pandemias e penúrias. O patriarca ressaltou que a África dispõe de muitos recursos naturais, que contribuem para o desenvolvimento de outros países. Em seguida, fez um apelo em defesa das crianças:

"De que modo devemos denunciar as guerras civis que muitas vezes são travadas por meninos-soldados?" – perguntou-se o patriarca etíope. Daí, o apelo à unidade para que todos os líderes cristãos unam seus esforços em favor da África.

Como ressaltado precedentemente, entre outros temas tratados na Sala Nova do Sínodo destacamos a importância da Igreja na África no campo da educação, testemunhada pelas mais de 56 mil escolas na quais estudam 19 milhões de alunos; e pelas 23 universidades católicas.

Foi também evidenciado o diálogo com o Islã: uma experiência positiva vivida no norte da África, zona de maioria muçulmana, na qual os cristãos gozam de uma certa liberdade, há uma postura crítica em relação ao extremismo islâmico, e a Igreja é chamada a colaborar na sociedade.

A esse propósito, foi feito também o auspício de que o Sínodo para o Oriente Médio, programado para 2010, compreenda também as dioceses do Norte da África.

Em seguida, o patriarca etíope voltou seu pensamento aos muitos mártires mortos na África e à esperança de que o caminho rumo à democracia de muitos países não se torne uma passagem de uma "ditadura rígida" a outras mais "flexíveis".

Ontem à tarde, os Padres sinodais refletiram sobre as relações entre a África e os outros continentes, destacando a existência de muitos laços comuns.

Reconhecendo que, por um lado, o continente africano apresenta os problemas da pobreza, da ausência de uma democracia radicada, do fenômeno de injustiça contra as mulheres; por outro, os Padres sinodais reiteraram que a África pode representar um modelo de fé profunda e dinâmica, de um cristianismo jovem e participativo, e de diálogo inter-religioso. Ressaltaram que da África se pode aprender a intensificar a evangelização.

Em seguida, foi a vez de o arcebispo de Kinshasa, na República Democrática do Congo, Dom Laurent Monsengwo Pasinya, apresentar um relatório sobre a "Ecclesia in Africa", a Exortação apostólica pós-sinodal de João Paulo II, de 1995.

O prelado ressaltou que o documento foi acolhido na África com entusiasmo, dando lugar a sínodos diocesanos e regionais para refletir sobre a Igreja família de Deus e para elaborar projetos e planos pastorais, dando um novo impulso à vida e à missão da Igreja na África. (RL)







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