2009-10-06 12:55:36

IGREJA FRANCESA INDIGNADA COM SÉRIE DE SUICÍDIOS NO TRABALHO


Paris, 06 out (RV) - A Igreja na França publicou ontem no site da Conferência Episcopal a sua posição sobre o problema dos suicídios no mundo do trabalho. O porta-voz do Episcopado, Pe. Bernard Podvin, convidou os atores envolvidos neste grave problema social a “deter o desespero perante o qual não se pode resignar”.

O debate se abriu após o 24º suicídio registrado nos últimos 18 meses na empresa France Telecom.

“Há dias, várias pessoas nos comunicam que se sentem muito abaladas pelo número de suicídios no trabalho. Um só suicídio já seria demais e bastaria para comover-nos” - explica Pe. Podvin, questionando a pressão exercida sobre os trabalhadores, e até que ponto o homem não vislumbra outra saída senão pôr fim a seus dias.

Em sua declaração, Dom Podvin reitera que o trabalho humano é uma dimensão fundamental para o desenvolvimento da pessoa e para o bem comum: “uma sociedade que não proporciona trabalho, ou que impõe algumas condições inaceitáveis, já não é digna de si mesma”, afirma. O porta-voz dos bispos conclui recordando que a vida é um dom e tem um valor inestimável.

A empresa anunciou ontem a saída do vice-presidente, Louis Pierre Wenes, considerado pelos sindicatos como o responsável por uma ‘gestão pelo terror’ que tem motivado o crescente descontentamento dos trabalhadores.

Numa mensagem interna dirigida aos trabalhadores, Wenes explica que “apesar das condições competitivas em que vivemos particularmente no nosso setor de atividade, nada justifica que homens e mulheres ponham fim às suas vidas”.

O mal-estar gerado pela série de suicídios de trabalhadores da France Telecom tem levado os sindicatos a criticar fortemente os métodos de gestão praticados pela empresa e a exigir medidas.

O forte controle dos trabalhadores, principalmente nos tempos de pausa, a pressão insuportável para resultados de produtividade e a desumanização das relações no seio da empresam são alguns dos métodos criticados pelas estruturas sindicais.

A France Telecom, detida em 13 por cento pelo Governo francês, emprega atualmente 100 mil pessoas no país. (CM)







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