SÍNODO PARA A ÁFRICA: OS PRONUNCIAMENTOS DOS CARDEAIS ARINZE E TURKSON
Cidade do Vaticano, 05 out (RV) - Logo após discurso de Bento XVI, esta manhã,
na Sala do Sínodo prosseguiram os trabalhos com três pronunciamentos: a saudação de
um dos presidentes delegados, Cardeal Francis Arinze; a introdução do secretário-geral
do Sínodo, Dom Nikola Eterović; e o "Relatório antes da discussão", feito pelo relator-geral,
o Cardeal Peter Turkson, arcebispo de Cape Coast, República de Gana.
A África
no coração da Igreja presente no mundo inteiro: iniciou-se assim a segunda Assembléia
Especial do Sínodo dos Bispos dedicada ao continente africano.
Na abertura
dos trabalhos, o Cardeal Arinze recordou que a África é conhecida, sim, como uma terra
que busca fugir das injustiças e das guerras, mas também como um continente de amor,
de solidariedade e de compromisso pela paz e a reconciliação.
Por sua vez,
o arcebispo Eterović ressaltou o dinamismo da África evidenciando também um crescimento
das vocações, e as muitas atividades da Igreja no continente no campo da caridade,
da saúde e da educação.
Em seguida, a palavra passou ao relator-geral, que,
baseado no Instrumentum Laboris (Instrumento de Trabalho), indicou os principais temas
sobre os quais os Padres sinodais deverão trabalhar.
É tempo de "trocar de
marcha" e de dizer a verdade sobre a África com amor, promovendo o desenvolvimento
do continente que levará ao bem-estar do mundo inteiro – disse o Cardeal Turkson.
"A
África – acrescentou – foi acusada por muito tempo pela mídia de tudo aquilo que é
repugnado pela humanidade. A invés, é o segundo mercado mundial emergente após a China,
é o continente das oportunidades. Os problemas existem, é verdade, reconheceu o purpurado,
indicando alguns, como as seitas, os confrontos étnicos e as migrações, que colocam
os filhos da África numa condição servil."
O cardeal ganense indicou ainda
outros problemas: a crise do matrimônio tradicional, minado por uniões alternativas
desprovidas do conceito de compromisso duradouro e sem a finalidade da procriação.
Isso – continuou ele – tende a estabelecer uma nova ética global sobre a família,
sobre a sexualidade humana, e sobre aspectos ligados ao aborto, à contracepção e à
engenharia genética.
O Cardeal Turkson indicou ainda outras chagas que afligem
o continente, como a droga e o tráfico de armas, para o qual fez votos da criação
de um tratado vinculador sobre a importação e exportação. Ademais, abordou o grande
tema da mudança climática, que atinge a África com inundações, seca e penúria.
O
purpurado ganense abordou também os três temas principais do Sínodo, ou seja, reconciliação,
justiça e paz.
Por fim, o Cardeal Turkson reiterou a ligação com o primeiro
Sínodo Especial para a África de 1994 e ressaltou que a última encíclica de Bento
XVI, a "Caritas in veritate", será um documento de referência para os trabalhos dos
Padres sinodais. Concluindo, com um sorriso a quem lhe perguntara se mais cedo ou
mais tarde a Igreja terá um papa negro, o purpurado respondeu: "E por que não?" (RL)