DOM RAYMUNDO NO SÍNODO DESTACA PROBLEMAS COMUNS ENTRE ÁFRICA E AMÉRICA LATINA
Cidade do Vaticano, 05 out (RV) - O presidente do Conselho Episcopal Latino-americano
(CELAM), Dom Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida, fez um pronunciamento
esta tarde na II Assembléia Especial para a África do Sínodo dos Bispos que teve início
esta manhã, no Vaticano.
"Estamos aqui não só para manifestar nossa fraternidade
com a Igreja na África, mas também para aprender, pois temos a certeza de que as conclusões
desta II Assembléia Especial ajudarão também a Igreja na América Latina na missão
de reconciliação e na busca da justiça e da paz" – frisou Dom Raymundo.
O arcebispo
de Aparecida sublinhou ainda que "temos na América Latina uma população de origem
africana mais numerosa do que a população dos povos originários, os indígenas". Ele
ressaltou alguns problemas sociais comuns tanto na África quanto na América Latina
como a pobreza, a falta de alimentação, moradia, educação e saúde.
No âmbito
político e institucional, Dom Raymundo frisou que em muitos países da América Latina
"não há uma democracia suficientemente enraizada na cultura do povo". Ele destacou
a corrupção freqüente que leva a população ao conformismo e a não acreditar na política
como arte de promoção do bem comum.
O prelado sublinhou que a Igreja na América
Latina possui uma múltipla e rica experiência, não obstante os sofrimentos e as falhas,
e que hoje existe uma experiência pastoral mais estável, cuja riqueza se manifestou
nas cinco Conferências Gerais do Episcopado da América Latina e do Caribe e hoje se
manifesta na Missão Continental que coloca a Igreja em estado permanente de Missão.
"Os documentos dessas conferências sempre deram uma atenção especial aos camponeses,
indígenas e afro-descendentes, entre as diversas prioridades pastorais" – frisou Dom
Raymundo.
O arcebispo de Aparecida sugeriu alguns temas de diálogo em vista
de um possível intercâmbio fraterno entre a Igreja na África e na América Latina:
convidar os bispos da Igreja Católica presentes nos dois continentes para uma troca
de experiência colegial, pastoral e organizacional a fim de enriquecer a missão da
Igreja; ampliar a experiência já existente de dioceses e congregações religiosas que
enviam missionários à Igreja na África; oferecer seminários para a primeira formação
sacerdotal em algumas Igrejas particulares na América Lática, com mais recursos.
Dom
Raymundo afirmou que o CELAM também concorda em acolher, em Bogotá, para cursos de
formação nos Institutos Pastoral e Bíblico, sacerdotes, consagrados e leigos agentes
de pastorais provenientes da África, tudo isso com a aprovação da Santa Sé.
O
arcebispo de Aparecida finalizou seu discurso invocando Nossa Senhora de Guadalupe,
Rainha e Padroeira da América, para que acompanhe os trabalhos do Sínodo e ajude a
Igreja na África a encontrar caminhos de reconciliação, justiça e paz. (MJ)